PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Bendito o que vem em nome do Senhor”
Exulta, filha de Sião.
A
liturgia deste domingo tem dois momentos: A alegria da procissão de Ramos e uma
séria missa de Quaresma. Abrem-se para nós as comemorações dos dias em que o
Senhor se entregou à morte e chegou à glorificação. Jerusalém estava cheia de
gente que viera para a festa da Páscoa, festa da libertação da escravidão do
Egito e festa de toda a salvação que Deus oferecera ao povo. Jesus vem à festa
e faz o ingresso triunfal, como o rei prometido, como diz o Profeta Zacarias:
“Exulta! Solta gritos de alegria Jerusalém, eis que o teu rei vem a ti; Ele é
justo e vitorioso, humilde montado sobre um jumentinho, filho da jumenta" (Za 9,9). Ele é o
grande rei, descendente de Davi, o Messias. Ele não vem como um glorioso
príncipe cavalgando cavalo de guerra, mas o humilde jumento, como o fizera
Davi. E o povo entendeu. O povo O acolheu. Os chefes O recusaram e mataram. Quiseram
silenciar o povo: “manda que eles se calem! Jesus respondeu: “Se eles se
calarem as pedras gritarão!” (Lc 19,40). Jesus não foge de sua missão de humildade e
simplicidade. Esta é a grande missão que dá à Igreja. A Igreja quer continuar a
acolher seu Rei glorioso e imitar-lhe a humildade. Infelizmente a tentação do
poder e da glória é muito em muitos da Igreja, sobretudo no campo do poder. Às
vezes percebemos que os prediletos de Jesus ficam de lado na estrutura da
Igreja e de sua pastoral. Por isso ficam abandonados à sanha de aproveitadores.
O Servo Sofredor
Na segunda parte da missa, na primeira
leitura, ouvimos a narrativa de Isaías sobre o servo sofredor que não perde sua
confiança em Deus e está pronto a aprender através do sofrimento. Continuando a
conhecer Jesus, S. Paulo em Filipenses mostra-nos o caminho de Jesus para
salvar: faz-se humilde, servo, toma a forma humana e em tudo se faz como um de
nós. Faz-se obediente, como se diz em Isaías. Obediente quer dizer aquele que
tem os ouvidos abertos para saber o que Deus quer e seguir seus caminhos. Pelo
seu sofrimento é ouvido por Deus e glorificado. Agora, em Jesus, está
glorificada nossa humanidade assumida por Ele na condição de fragilidade para
restaurá-la e glorificá-la com Ele. Nesta missa temos a leitura da Paixão de
Jesus. Ler a Paixão significa aprender, recordar para viver melhor. Não podemos
perder de vista a história e os acontecimentos de nossa Redenção. Proclamar o
acontecimento é fazê-lo vivo entre nós e fazer-nos participantes dos frutos
deste mistério. Temos que retratar em nós a vida de Jesus em seu momento de
glória, humildade e sofrimento.
Memória que dá vida
Vivemos num mundo que pode ser chamado de
ateu, descrente. Os cristãos não ficam atrás. Fazemos um cristianismo nossa imagem, com a mentalidade do mundo,
avessa ao evangelho. A renovação anual da celebração pascal quer trazer à nossa
memória o que Deus fez por nós em Cristo. É fundamental que isso se concretize,
pois lembrando os fatos, podemos retomar a estrada. Assim nos voltamos para Ele
e renovamos nosso coração. Vamos à procissão de ramos e levamos os ramos para
casa. Este gesto simpático significa tomar uma atitude de comprometimento com
Cristo de ser de seu Reino e ser dDele. Toda celebração é memorial: realizamos
os gestos, ouvimos o anúncio da Palavra que concretiza a realidade e nos dá
condições de participar da mesma verdade anunciada. Por isso é bom procurar
conhecer os textos e participar dos mistérios celebrados.
Leituras: Mateus 21,1-11; Isaias 50,4-7; Salmo 21; Filipenses 2,6-11;
Mateus 27,11-45.
1.
A liturgia de Ramos nos leva à glória o acolhimento de
Jesus e a seu sofrimento. Participando, acolhemos em nós seu mistério e
participamos de sua glória.
2.
Na liturgia eucarística vivemos o mistério do Cristo
sofredor que se humilha para ser exaltado pelo Pai. A Igreja é convocada a
viver sua humildade no poder.
3.
O cristianismo não pode ser feito a partir da
mentalidade do mundo. É momento de renovar o coração. Celebrar é viver o
mistério e atualizá-lo em nossa vida.
Escolinha de Jesus
Há
muitos tipos de escola. Jesus abriu a sua: Ele é o primeiro aluno do Pai que
abriu vagas para quem quisesse. Na primeira leitura lemos: “Ele me desperta
cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo” (Is 50,4). São Paulo
nos pede para ter os mesmos sentimentos de Cristo na sua humildade que vai ao
extremo. O diploma dessa escola é a Ressurreição: “Por isso Deus o exaltou” (Fl 2,9).
A tarefa de
Jesus é a humildade. Na oração rezamos: “Deus, para dar aos homens um exemplo
de humildade... concedei-nos aprender o ensinamento da Paixão e ressuscitar com
Ele na glória”.
É este o ensinamento do Domingo de Ramos: A Glória e a Paixão. É apresentado Jesus em sua glória ao entrar em Jerusalém. Isso sustentará os discípulos na Paixão. Jesus vem como Rei para ser proclamado no alto da Cruz. A espiritualidade é acompanhar Jesus nos seus passos.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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