PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Ele
está no meio de nós!”
Testemunhar
a Ressurreição
O Tempo Pascal celebra Jesus vivo
que se manifesta aos discípulos. Há sempre a tensão entre o crer e o ver. Não é
preciso ver para crer, e sim, crer para ver. Os discípulos creram e puderam
ver. Essa afirmação é muito forte nos discursos de Pedro. Este discurso afirma
que “Deus ressuscitou Jesus, libertando-O das angústias da morte, porque não
era possível que ela O dominasse” (At 2,24). Prova pelas palavras da profecia de Davi e conclui:
“Com efeito, Deus ressuscitou este mesmo Jesus e disto todos somos testemunhas.
E agora, exaltado à direita de Deus, Jesus recebeu o Espírito Santo que fora
prometido pelo Pai e o derramou como estais vendo e ouvindo” (At 2,32). A prova não
é só a profecia, mas a própria manifestação do Espírito naquele dia de
Pentecostes. Os discípulos foram privilegiados por verem Jesus, tocá-Lo, comer
e beber com Ele depois da Ressurreição. Ver pela fé vai além do crer porque
tocou. A comunidade tem consciência da salvação que lhe foi dada pela morte e
ressurreição de Jesus. Pedro, no dia de Pentecostes, anuncia corajosamente que
Aquele morto estava vivo e fora glorificado por Deus. Podemos entender o vigor
da pregação dos apóstolos e o resultado pela experiência que tiveram do
Ressuscitado. Essa experiência falta em nossas comunidades. Onde se baseia sua
fé? Por que não existe vigor apostólico? A narrativa do encontro de Jesus com
os discípulos que iam para Emaús é a explicação que conforta os discípulos que
não têm mais a presença física de Jesus. João dá o consolo e mostra onde Ele se
encontra.
Onde está Jesus?
Dois
discípulos iam juntos para uma aldeia chamada Emaús. “Conversavam sobre todas
as coisas que tinham acontecido”. Jesus aproxima-se e entra na conversa. Onde
está Jesus? Na fraternidade na qual caminhamos juntos. Um é apoio ao outro.
Este apoio é um modo da presença de Jesus. Os sinais dos tempos, os
acontecimentos da vida são outra presença de Jesus. O mundo que está diante de
nós é uma presença de Jesus que nos convida a tomar parte e dar-lhe uma
direção.“Jesus explica as Escrituras” e mostra como sua Paixão, Morte e Ressurreição
estavam já previstas na Palavra de Deus.
Esta Palavra é uma presença preciosa de Jesus que nos orienta, esclarece
e nos encaminha. A Palavra ouvida, refletida e vivida na comunidade é uma
presença clara de Jesus. Um plano pastoral pode tomar esses quatro momentos e
estabelecer um processo de fraternidade como ponto necessário na vida da
comunidade. A comunidade não pertence ao mundo, mas vive nele, por isso é
preciso estar atenta aos sinais dos tempos. Pastoral é um processo atual. A
comunidade se orienta a partir da Palavra que vai conduzir à Eucaristia e anunciar.
Fica conosco, Senhor!
Chegando à
aldeia convidam Jesus: “Fica conosco, Senhor, pois se faz tarde e a noite já
vem chegando”. Nos momentos escuros da vida, esta presença é tão confortante!
“Quando estavam à mesa, Ele tomou o pão, abençoou-o partiu e distribuiu. Então
seus olhos se abriram e reconheceram Jesus”. Outra presença de Jesus é a
Eucaristia na qual partimos o pão e o repartimos entre nós pela comunhão. Ele
sempre faz parte de nossa vida e “faz arder nosso coração quando fala conosco”.
O reconhecimento da presença de Jesus faz de nós missionários. “Eles se
levantam, mesmo de noite e voltam a Jerusalém para anunciar aos outros”.
Conhecer a presença de Jesus é a razão de anunciá-lo. Esta resposta de Lucas à
comunidade é uma proposta de caminho para a Igreja.
Leituras: Atos 2,14.22-33; Salmo 15;1Pedro1,17-21;Lucas
24,13-35
1.
Após Pentecostes
os discípulos anunciam com vigor a ressurreição de Jesus. Eles são testemunhas
que Deus O ressuscitou, deu-lhe o Espírito para ser derramado sobre todos.
2.
A narrativa de Emaús quer indicar aos discípulos que
Jesus continua presente de diversas modalidades. Continua presente em nossas
comunidades.
3.
A presença privilegiada de Jesus na Eucaristia leva os
discípulos a anunciar, na noite.
Não era conversa fiada
Depois da vinda do Espírito Santo os apóstolos pregavam com muito
entusiasmo. Sabiam o que havia acontecido com eles no momento em que foram
inundados pelo Espírito.
A maior força era a certeza da presença de Jesus no seu meio. Ao ir
para o Céu, disse: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Essa cena
tão preciosa dos discípulos que iam para Emaús, esclarece como entendiam a
presença de Cristo.
Temos quatro tipos de presença: a unidade na presença fraterna, pois
iam juntos; os sinais dos tempos analisados a partir de Cristo; Jesus está na
Palavra, pois Jesus lhes explica as Escrituras; e a presença mais significante,
no partir do pão, isto é, na Eucaristia.
Assim podem voltar na noite, na clara noite da lua brilhante, para
anunciar aos outros. Deve ter sido uma delícia esse encontro. E a conversa não
era fiada.
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