Nosso
querido Papa Francisco, na Exortação Amoris
Laetitia – Alegria do amor, refletindo
sobre o matrimônio, apresenta uma riqueza de sugestões para a vida dos casais,
sobretudo dos casais novos. Aconselho a leitura desse texto dos números 217 –
230. Não se dirige somente aos casais, mas também aos que se preocupam com essa
pastoral. Vai a detalhes da vida amorosa do casal como também às práticas
espirituais. É singelo, e muito rico. Vamos refletir agora sobre o lado mais
difícil que são as crises e angústias. Casa-se para ser feliz, mas a felicidade
tem seus momentos de crise. Por felicidade Deus nos oferece um meio que tudo
pode salvar: o amor. O amor é o melhor remédio para os males do casamento. Esse
amor é partilhado por aqueles que podem dar uma contribuição. Papa Francisco
inicia sua reflexão mostrando o sabor do vinho amadurecido. Cita S. João da
Cruz: “Os velhos amantes são os já treinados e testados. Eles já não têm
aqueles fervores sensíveis nem aquelas ebulições e chamas externas do ardor,
mas saboreiam a suavidade do vinho do amor bem sedimentado na substância...
assente dentro da alma”. Conclui: “Isso supõe que foram capazes de superar
juntos as crises e os momentos de angústia sem fugir aos desafios nem esconder
as dificuldades” (AL
231). Crise é sinal de crescimento.
1844.
Crises ajudam crescer
A melhor solução da crise está antes dela
chegar. Se formos capazes de dialogar no tempo bom, saberemos dialogar no
temporal. Crises são normais no matrimônio. Ser um só coração e uma só alma é
um desafio permanente. A crise ensina, fortalece e esconde uma boa notícia, diz
o Papa. O primeiro passo é não isolar (dormir no sofá) e não cortar a comunicação.
Na discussão, no momento de lavar a roupa suja, cada um lave primeiro a sua e
depois ajude o companheiro lavar a que sujaram juntos. Não se trata de dizer:
aqui você errou. Mas... aqui está meu erro. Não se podem entregar os pontos na
primeira desavença. Quem quer conquistar uma lagoa tem que engolir um punhado
de sapos. O casamento é perfeito porque tem imperfeições e fragilidades. É
humano. É sobre essas fraquezas que se constrói a força. O risco da imaturidade
pode danificar muito. Somos imaturos. E tornamo-nos maduros no momento em que
sabemos assumir imaturidade e crescer. Aparecem doenças, mudanças físicas, dificuldades do
tempo em que vivemos. Outras vezes são as heranças da família. É comum ouvir
que lá em casa era assim. Por isso a bíblia diz que “o homem deixará o pai e a
mãe e se unirá a sua mulher e serão os dois uma só carne” (Gn 2,24). Esse
desligar-se vai além da residência, mas é algo novo que se inicia. Por isso é
preciso desmamar. O Papa Francisco o diz em outras palavras (AL 132-138).
1845.
Velhas feridas
Nada é ideal. Casamento perfeito não
existe. As tensões sempre existiram. Um dos motivos é que trazemos uma carga de
nossa família, de nossa educação etc... São as feridas que nos acompanham desde
a infância, adolescência, situação familiar, social e cultural. Muitos nunca
foram amados ou perderam a família ou tiveram uma vida familiar complicada ou
foram abusados de tantos modos. É preciso uma cura pessoal. Há muitos meios. O
casamento pode realizar essa cura no momento em que se abre para superar. O
primeiro passo é reconhecer a própria imaturidades com serenidade. E aparecem
situações novas de vícios e manias que destroem toda a expectativa de
felicidade. Então se busca fora ou se degrada no sofrimento que pode durar uma
vida. Ao aceitar a fragilidade do outro num processo de recuperação a
felicidade cresce. Nada é sem solução.
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