PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
O amor acima do ódio
O sermão da montanha é o núcleo da fé cristã. E nele, o ponto da maior novidade de Jesus, está o amor aos inimigos. Em sua morte na cruz, reza ao Pai: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Sabiam, mas Jesus os desculpa diante do Pai. Algumas religiões colocam o ódio, ao inimigo como parte da religião, ao menos na prática. Quem sabe, esse seja o critério para distinguir o que é de Deus e o que não é de Deus, mesmo dentro de nossa prática religiosa. Este ódio está no coração do homem desde o começo da humanidade, como nos retrata o livro do Gênesis. Lemos ali o assassinato de Abel e o pequeno cântico do insolente Lamec: “Ada e Sela, ouvi minha voz, mulheres de Lamec, escutai minha palavra: Por uma ferida matei um homem; por me pisar, matei um jovem. Caim será vingado 7 vezes, Lamec 77 vezes” (Gn 4,23-24). Violência ligada à insolência. A lei antiga ensinava: “Olho por olho dente por dente” (Lv 24,20). Jesus ensina a não resistir ao malvado, oferecer a outra face, deixar que te levem a roupa, ir dois km a que te força andar um. Cristo assim o fez. Que mal que Jesus fez a seus inimigos? Sabia repreendê-los, mas reconhecia o que faziam de bom. Jesus ensina o amor ao próximo como o seu mandamento e, este amor inclui o amor ao inimigo, para ser como o Pai. Diz: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos (Mt 5,44-45). A razão fundamental é ser perfeito como o Pai celeste é perfeito, sendo misericordiosos como o Pai é misericordioso (Lc 3,36). Ser perfeito é ser misericordioso. Amor aos inimigos, critério da verdadeira fé em Jesus.
Resposta que cura
Vivemos num mundo de guerras. As piores são as guerras internas dentro das comunidades, das famílias e no ambiente em que vivemos. Jesus, em seu ensinamento, quer amortecer a força do mal pelo bem. Paulo resume este pensamento de Jesus com estas palavras: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (Rm 12,21). Se formos atacados, temos que nos defender. Mas a defesa não pode ser o aumento da violência. É um a mais entrando na briga. Por isso dá seu ensinamento: “Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!... Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5,39.43-45).
Ser como o Pai.
A referência de Jesus é sempre seu Pai, como rezamos no salmo 102 que revela o amor de Deus: “O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas”. No A.T. temos a razão de ser santos: O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e dize-lhes: ‘Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo’” (Lv 19,1-2). O projeto de vida do fiel, espelhado no Pai, e revelado por Jesus, tem uma razão: “Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Na Eucaristia na Comunhão com Cristo comungamos também com sua mentalidade de paz. É o momento de rezar pelos inimigos e criar uma onda de amor que vença o ódio.
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