sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Fazer a vontade do Pai”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Casa sobre a rocha 
O “Sermão da Montanha” é uma síntese da nova lei. Jesus o conclui dizendo que é discípulo quem vive os ensinamentos. Não basta só dizer Senhor! Senhor! É preciso por em prática a palavra. Assim se cumpre a vontade do Pai. Esta é a atitude fundamental de Jesus em todo seu projeto de vida. Ele o realiza como entrega total ao Pai. Assim é o discípulo que Deus quer. A vontade de Deus é sempre muito clara e não precisa ser buscada longe (Dt 30,11). Para Jesus, cada um deve passar da religião exterior para a fé interior que move e modela a vida. A religião exterior consiste em palavras ou milagres que não atingem o coração. Jesus explica com uma parábola que, para entrar no Reino é preciso fazer a vontade do Pai (Mt 7,21): Quem ouve a palavra e a realiza é como o homem sábio que construiu sua casa sobre a rocha que é Jesus. Ele é a rocha, pedra de fundamento do alicerce (Mt 21,42); é a pedra viva (1Pd 2,4), a pedra espiritual (1Cor 10,1-4), a “pedra de tropeço e, quem nela crer, não será confundido” (Rm 9,33); é a pedra rejeitada: “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular... em nenhum outro há salvação” (At 4,11-12). Moisés conclama o povo para dar sua resposta a Deus: “Eis que ponho diante de vós bênção e maldição; bênção se obedecerdes aos mandamentos do Senhor Deus que hoje vos prescrevo” (Dtt 11,26-27). A obediência é dada à Palavra que se identifica com Jesus. Quem ouve suas palavras e as põe em prática, constrói a vida sobre a rocha que é Jesus e tem toda bênção, isto é, faz parte do Reino. Rezamos no salmo: “Deus é minha rocha de proteção” (Sl 30). Assim se constrói sobre a rocha e nada pode abalar. Jesus, ensina a religião baseada na fé que penetra a vida e não fica só nas palavras. 
Casa sobre a areia 
Quem ouve a palavra e não põe em prática é como o homem que construiu a casa sobre a areia. Qualquer intempérie a destrói completamente. O termo ruína completa explicita a palavra que Jesus dissera pouco antes: “não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24). Não pode haver meio termo e compromisso com outro ‘reino’. Mesmo se falarmos em seu nome e fizermos prodígios e expulsarmos demônios em nome dEle, não vale. São Falsos profetas desconhecidos para Ele: “Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal” (22-23). É a mesma condenação do Juizo final (Mt. 25,41). O caminho será de maldição se desobedecerem os preceitos, se se distanciam do caminho que é dado pelo Senhor, se seguem deuses que levam alianças de morte. Não são suficientes para o Reino. 
Ponho diante de ti 
Moisés convoca o povo a colocar as palavras de Deus em seu coração e até fisicamente em sua vida, escrevendo em faixas para colocar na testa. É uma escolha e bênção ou maldição de acordo com a obediência aos mandamentos (Dt 11,18.26-27). É a escolha de viver sob os mandamentos. Jesus ensina que fazer a vontade de Deus não é cumprir a lei porque é lei, mas porque se funda na fé em Jesus e em Sua palavra. Deus põe diante de nós a possibilidade de uma escolha. Vivendo os mandamentos vivemos o dom da aliança. Cada celebração é um momento de escolha. Participar do sacrifício da missa é unir-se à vontade de Cristo. Não é só uma oração ou um rito. Ficar só no rito é matar sua finalidade. Somos chamados a cumprir os preceitos que hoje o Senhor nos dá para termos a bênção.

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