PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
O pecado entrou no mundo (Rm 5,12)
No Domingo da Quaresma, encontramos a temática da tentação que Jesus enfrentou. Esta é a síntese de suas tentações. A tentação é uma realidade permanente em sua vida. Mostrando que Ele foi tentado, revela nossa realidade e o caminho para vencer como venceu. Lemos, no livro do Gênesis, a narrativa da queda dos primeiros pais. O autor não quer tanto mostrar como foi o pecado original, mas que o pecado não tem origem em Deus e é obra do homem que se deixou levar pela tentação, isto é, sujeitar-se ao mal: “Do furto da árvore que está no meio do jardim, Deus nos disse: Não comais dele, nem sequer o toque, do contrário, morrereis!... sereis como Deus conhecendo o bem e o mal” (Gn 3,3-4). Perdeu a vida de Paraíso e assumiu o pecado. Sua raiz está na desobediência como ensina Paulo: “Pela desobediência de um só homem, a humanidade foi estabelecida numa situação de pecado” (1Cor 5,19). Conhecer o bem e o mal é tornar-se dono e decidir o que é o bem e o que é o mal. A tentação não é um mal, pois está aí para ser vencida. Jesus, no deserto, debilitado pela fome, sentindo a fraqueza e passa pela tentação: “Se és o Filho de Deus”. Poderíamos entender que ser Filho de Deus lhe dá condições de usar o milagre de modo indevido que o afaste da obediência ao Pai, isto é, estar aberto e atento ao Pai. Jesus é tentado pelo poder da posse dos bens. Ele vive desapegado. Usar o poder para o orgulho da grandiosidade de seus poderes. Seus milagres são para o bem do povo. Usar o poder para ter todo o prazer egoísta. Jesus doa a vida para que os outros tenham vida. É momento de procurar entender que somos tentados do mesmo modo e que os pecados modernos possuem outros nomes, mas são os mesmos. Há uma raiz do mal em nós. Vivemos a mesma situação de Jesus.
Um só trouxe a justificação (Rm 5,18)
O pecado de um homem trouxe a desgraça para o mundo. A obediência de Jesus trouxe a justificação. Nós pecamos em Adão e somos vencedores em Cristo. Para chegarmos à vitória temos que “progredir no conhecimento de Jesus e corresponder a uma vida santa (oração). Conhecendo Jesus temos suas “técnicas” de enfrentar o tentador: à tentação que leva a busca do ter, orienta-se pela Palavra de Deus. Para vencer a tentação do orgulho, como vemos na ganância de aparecer e estar na crista a todo custo,ensina a humildade que nos dá a verdade. Para vencer a tentação do prazer a todo custo, somos chamados à adoração de Deus, que é fonte e destino de todas as coisas. Conhecendo Jesus em sua fragilidade, podemos participar de sua vitória, se agimos como Ele agiu. Somos filhos de Deus, por isso somos tentados. Jesus, vencendo a tentação, nos dá a justificação.
Os anjos o serviram (Mt. 4,11)
Vencida a tentação, os anjos servem Jesus. Quem são esses anjos? Para nós, pobres tentados, são os irmãos na fé que condividem conosco as tentações e as vitórias. Não esperemos conforto de milagres, pois Deus já o colocou nas mãos da caridade fraterna. Como ninguém é tentado acima das próprias forças (1Cor 10,13), todos recebem auxílios de Deus e dos irmãos acima das próprias necessidades. Esses anjos que serviram Jesus provavelmente são os irmãos que, com sua caridade, se igualam aos anjos. A maior força na tentação é a vida na comunidade. A liturgia da Quaresma nos oferece meios suficientes para meditar, preparar e celebrar bem o Mistério Pascal de Cristo.
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