Evangelho segundo S. Mateus 5,38-48.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos:
‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao
homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a
esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua
túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo
durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes
as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos
inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso
Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover
sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa
tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os
vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é
perfeito».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Cipriano (c. 200-258), bispo de
Cartago e mártir
Os benefícios da paciência, 15-16; SC 291
«Eu porém digo-vos: Não resistais ao homem mau»
«Suportai-vos uns aos outros no amor,
esforçando-vos por manter a unidade do espírito mediante o vínculo da paz» (Ef
4,2). Não é possível manter a unidade e a paz, se os irmãos não se encorajarem
uns aos outros ao apoio mútuo, mantendo um bom entendimento graças à paciência.
[...]
Perdoar ao irmão que nos ofende, não só setenta vezes sete vezes,
mas todas as faltas, amar os inimigos, rezar pelos adversários e pelos
perseguidores (Mt 5,39.44; 18,22) – como chegar aí se não formos firmes na
paciência e na benevolência? É o que vemos em Estêvão [...]: em vez de pedir a
vingança, pediu o perdão para os seus carrascos, dizendo: «Senhor, não lhes
imputes este pecado» (At 7,60). Foi o que fez o primeiro mártir de Cristo [...],
que se tornou, não só pregador da Paixão do Senhor, mas também imitador da sua
paciente bondade.
Que dizer da cólera, da discórdia, da rivalidade? Que
não têm lugar entre os cristãos. A paciência deve preencher o seu coração; nele
não se encontrará nenhum destes males. [...] O apóstolo Paulo avisa-nos: «Não
entristeçais o Espírito Santo de Deus [...]: fazei desaparecer da vossa vida
tudo o que é amargura, raiva, cólera, gritos ou insultos» (Ef 4,30-31). O
cristão que foge dos assaltos da sua natureza caída como de um mar em fúria, e
se estabelece no porto de Cristo, na paz e na calma, não deve admitir no seu
coração a cólera a desordem. Pois não lhe é permitido pagar o mal com o mal (Rom
12,17), nem conceber o ódio.
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