A
narrativa da visita dos Magos a Jesus sugere muitas interpretações e
indagações. O importante é a riqueza do texto que orienta. Não podemos ficar somente
narrando uma historinha bonita, sem aprender o ensinamento evangélico dessas
pessoas. Podemos ver que são o instrumento de Deus para mostrar a
universalidade da salvação. Deus veio para todos e não só para um povo.
Chegaram procurando o rei dos judeus, mas voltaram por outro caminho (Mt 2,2.12). Voltaram
não para contar sobre o rei dos judeus que acabava de nascer, mas o Senhor de
todos que chegara. O sentido de sua visita é a destinação da salvação para
todos. Até a tradição diz que cada um deles veio de um continente e ali se
encontraram. Significa justamente isso. Os Magos serão os primeiros
missionários do Menino de Belém. Aprendemos dessa narrativa a universalidade da
missão de Jesus. O povo judeu recebeu uma missão de acolher a revelação de Deus
e ser um instrumento maravilhoso para
que a verdade chegasse a todos. Apesar das palavras dos profetas, não
compreenderam. Os Magos abrem aos povos a boa notícia do nascimento de Jesus.
Realizam-se as profecias. Quando os apóstolos começam a pregar o Evangelho,
terão encontrado uma terra fértil. Chegada a plenitude dos tempos, diz Paulo,
Deus enviou seu Filho nascido de uma mulher (Gl 4,4). A plenitude refere-se também aos
outros povos que Deus preparara para acolher o Evangelho. Eles O amarão sem o
terem conhecido (1 Cor
8,3).
Missão
de levar aos outros
Deus age através de seus mensageiros. Em sua
condição Divina, torna-se impossível a comunicação. Essa comunicação Deus a faz
através de seus mensageiros. A encarnação de Jesus que veio como Palavra do Pai,
deu-nos a oportunidade de ver Deus face a face. Jesus envia seus mensageiros,
os apóstolos e os discípulos para anunciarem a Boa Nova – Evangelho. Acolhendo
essa comunicação entramos em comunhão com a Trindade. Como o Espírito sopra
onde quer (Jo 3,8), aquele
que acolhe Jesus, está sempre em movimento de acolhimento e de anúncio. Não
guarda para si, mas está em contínua comunicação. Essa força vem da presença do
Comunicador do Pai. Quem conhece o Amado, diz, Beata Maria Celeste Crostarosa,
tudo faz para que seja conhecido e amado. Para isso não desanima, mesmo que as
condições, mesmo físicas, sejam insuficientes. Impressionava muito S. João
Paulo II em seu vigor de anunciar, mesmo em estado de saúde precário. A
evangelização não nasce de uma decisão pastoral, embora já seja bom, mas de uma
decisão de vida: “O meu amado é para mim e eu sou para Ele” (Ct 2,16). É isso que
podemos chamar de mística. A mística da evangelização nasce do Amor que foi
amado. Sem Jesus comunicador do Pai, a evangelização não acontece.
Fortaleza
na fé
Todos os tempos são difíceis, dizem
todos os tempos. São difíceis, pois há sempre desafio. Aqui entra o papel da
fé. Fé não é somente crer em um punhado de verdades, mas ver a vida e o mundo
com a verdade de Deus. A palavra fé na escrita cuneiforme da Babilônia é
desenhada como uma fortaleza bem defendida. Ela está acima do próprio viver da
pessoa que é capaz de dar a vida sustentada por ela. Por ela as pessoas se
dedicam ao bem, sem se entregar à moleza do comodismo. Assim são os que se
dedicam em levar aos outros o que encontraram, como os Magos. Partiram por
outro caminho. Não era mais a busca de um recém nascido, mas o anúncio a todos
os povos do Salvador que chegou para todos. Os Magos nos dão ensinam a
universalidade da salvação e a missão de anúncio dessa verdade.
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