PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Eu sou o teu próximo
Os
entendidos na Palavra de Deus quiseram provar Jesus para saber qual era o ponto
central da Lei de Deus. Esta lei era a alegria do coração. Todos podiam conhecê-la,
pois “está bem a teu alcance, está em tua boca e em teu coração para que a
possas cumprir” (Dt 30,14). A resposta ao amor de Deus
era a prática da lei. “A Lei do Senhor é perfeita”, reza o salmo, “conforto para
a alma” (Sl 18.b).
Jesus mostra que a Lei de Deus vai ao fundo do coração e se transforma em atos
de amor pelo próximo que é o mesmo amor de Deus. Praticando a misericórdia,
tornamos presente a misericórdia de Deus. É por isso que Jesus afirma que veio
“não para abolir a lei, mas para levá-la à perfeição” (Mt 5,17). Contou, então, a parábola do
“bom samaritano”. Por que o samaritano? Jesus não fala que ele é bom, pois os
samaritanos eram inimigos e tidos como hereges e maus. Ele é o oposto dos dois
outros que passaram diante do homem caído na estrada: o sacerdote e o levita,
representantes do que se podia dizer de bom na sociedade religiosa. Jesus faz
uma crítica velada à instituição religiosa dizendo que o amor é que salva e não
o status religioso. Não basta saber a doutrina ou ser bom na vida espiritual da
comunidade cumprindo a lei com perfeição. É preciso praticar o amor até às últimas consequências. O samaritano, viu,
teve compaixão, acudiu o homem, cuidou das feridas, colocou-o no próprio cavalo,
levou-o para hospedaria e continuou os cuidados. Voltou, depois, para completar
o cuidado. Assim Jesus o fez dando a vida até o fim. Ele se fez o próximo de
cada homem e mulher sofredores. A prática do essencial da lei do amor inclui o
amor ao próximo. Assim a lei é perfeita.
Reconciliar em Cristo
Quem é esse bom samaritano que cuida do homem
decaído pela culpa do pecado? “Ele é a imagem do Deus invisível... a cabeça do
corpo que é a Igreja...Deus quis reconciliar por meio dele todos os seres...
realizando a paz pelo sangue de sua cruz” (Cl 1,15-20). Cristo “aproximou-se e fez os
curativos no homem ferido” pelo mal. Todo ato de solidariedade é espiritual e
nos identifica com Ele. Há uma espiritualidade voltada para Deus e outra
voltada para Deus na pessoa do próximo. Alguns chamam isso muito social e até
marxista. Jesus veio antes de Marx. É fácil fazer um culto bonito com muita
sabedoria, com todas as regras e todas as roupas, e dar-se por satisfeito,
enquanto há sofredores pelo mundo. A política e a economia levam de roldão os
necessitados e se alimenta deles. A parábola pode mudar este quadro e fazer a
unidade de todos os seres.
Faze isso e viverás!
“Que devo fazer para receber como herança a vida
eterna?” perguntara o homem. Jesus respondeu: “O que está escrito na lei de
Moisés?” O homem citou o mandamento do amor. “Quem é o meu próximo?” pergunta (Lc 10,25-29). A parábola mostra não o próximo, mas que cada
um é o próximo do necessitado, como Jesus foi o bom
samaritano para todos nós, o próximo de todos. A misericórdia do samaritano é a
mesma de Deus. A solidariedade nos faz como Cristo que em tudo foi igual a nós
para ter total solidariedade. Por isso, a convivência com os simples é o
caminho da realização do mandamento fundamental. Somente por aí temos a vida
eterna. “Sabemos que passamos da morte pra a vida porque amamos os irmãos” (1Jo 3,14). Amar até o fim é cumprir toda a Lei.
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