PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Do pecado à graça
Na
Igreja temos dogmas que verdades da fé não criadas pela vontade humana. São
reconhecidos como verdades inegociáveis. É a fé dada por Deus. Dela nos fala na
Escritura ou na Sagrada Tradição que tem fundamento nas mesmas Escrituras. São
verdades da fé cristã. Os dogmas foram estudados e reconhecidos pelos Concílios
Ecumênicos ou proclamados solenemente pela autoridade do Magistério dos Papas.
Eles não inventam dogmas. Reconheceram que são da fé e definidos como verdade a
ser acreditada sem dúvida. Há quem diga: sou católico, mas não aceito muitas
coisas. Preciso aceitar todas as verdades de fé. Não há meio católico. Ou crê
tudo ou não crê nada. O que se deve crer são as verdades da fé e não coisas que
surgiram durante a história. O Papa Pio IX, no exercício do Ministério
Pontifício, depois de consultar toda a Igreja, de conhecer o que a Tradição nos
ensinou, proclamou que Maria foi concebida sem pecado original. Pelo pecado dos
primeiros pais toda a humanidade foi manchada. Por isso, o Filho de Deus se
encarnou (é dogma) no seio da Virgem Maria (é dogma) e realizou a redenção da
humanidade (é dogma). Paulo ensina que a graça de Deus foi muito maior que o
pecado, pois quem fez o pecado o homem, a graça nos foi dada por Jesus Cristo.
“Se pela falta de um só, todos morreram, com quanta maior profusão de graça
Deus e o dom gratuito de um só homem Jesus Cristo se derramou sobre todos” (Rm 5,15). O pecado
atingiu toda a humanidade e a natureza também sofreu por conta dele (Rm 8,20-22).
Foi
preservada
A festa da Imaculada Conceição de Maria celebra não somente um dom
pessoal dada à Mãe de Jesus, mas a grandeza do dom infinito da santidade de
Deus que é garantida à humanidade. Maria é a primeira a usufruir tão precioso
dom, como rezamos na oração: “Ó Deus, que preparaste uma digna habitação para
vosso Filho pela imaculada conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo o
pecado em previsão dos méritos de Cristo”. Esse dom era necessário para que
Jesus não fosse concebido na linhagem de pecado de Adão e Eva. A narrativa
sobre o pecado, cometido no Paraíso depois que Eva caiu na tentação do diabo (a
serpente) ensina que o homem perdeu a graça original e começou a corrente de
mal invadindo o mundo. A leitura de Paulo aos Efésios nos mostra que fomos
escolhidos “para sermos santos e imaculados a seu olhar no amor”. O projeto de
Deus era a graça, o homem inventou o pecado. Maria foi libertada do pecado
original antes de ter sido concebida. Nela se restaura o Paraíso para nós. É
uma graça por pura graça de Deus. Como foi libertada? A redenção de Jesus é
para
todos os tempos, não só para os que vieram depois. Por isso, ela foi
redimida “em vista dos méritos de Jesus”. O mesmo Espírito Santo que a fecundou
para conceber Jesus, a fecundou com a graça para não ser presa do pecado. É
nossa fé. Por isso o Anjo lhe diz: Salve, cheia de Graça. Nela já estava toda a
graça. Nela não havia mancha de pecado.
Purificados
por sua intercessão
Para nós interessa vencer o pecado e viver na graça para mais e mais
podermos gerar Jesus no mundo e ser morada de Deus. Rezamos na oração:
“Concedei-nos chegar até Vós purificados também de toda a culpa por sua materna
intercessão”. Maria recebeu o dom da redenção na sua concepção, quando todos os
humanos recebem a mancha do pecado. Mas
ela correspondeu à graça acolhendo a mensagem do Anjo na encarnação, gerando
Jesus, cuidado Dele e com Ele estava no Calvário na geração dos filhos da
redenção: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua mãe” (Jo 19,26-27). Somos
filhos, irmãos do Redentor que ela gerou.
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