Passado o tempo pascal, celebramos a
solenidade da Santíssima Trindade. É uma festa diferente. Não se trata da
memória de um acontecimento da vida de Jesus, como Páscoa ou Natal, mas da
celebração de uma verdade de Deus: Deus Uno em três Pessoas. Pode ser
complicado para explicar, mas fácil para viver. Esta verdade não está presente
na doutrina das outras religiões monoteístas (as que crêem em um Deus único). Para os
muçulmanos, Jesus é um grande profeta. Para os judeus, Jesus não tem a
divindade. Assim também professam alguns grupos evangélicos. Para nós que
cremos nessa verdade, chamamos de Mistério insondável. Só Deus pode se
entender. Nós, e os que estão no Céu, podemos viver e crescer neste Mistério
profundo aberto à participação. Jesus diz: Se alguém me amar, guardará a minha
palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos n’Ele morada” (Jo 14,23). Fazer
morada é uma participação de vida. O amor do Pai e do Filho é o Espírito de
Amor. Jesus deu-nos a participar deste amor. Neste amor temos o conhecimento
deste mistério. Na Igreja há tantas pessoas que vivem em profundidade este
mistério do Deus-Amor presente em nós. E, às vezes, sem ter uma percepção maior
do que ocorre com elas. Como seria bom se a gente pudesse viver mais
profundamente este mistério e poder falar dele com a experiência! Podemos
perguntar: Quando sabemos que estamos vivendo esta união tão mística? Nós o
sabemos quando as coisas de Deus nos interessam; Vivemos, quando temos o sentido
de Deus, percebendo-o presente nas realidades que vivemos; demonstramos quando
vivemos de modo coerente com o que cremos. Não elimina nossas fragilidades, mas
nos faz viver na esperança de uma superação com a Graça Divina.
796. Comunhão de Vida
Viver em comunhão com Deus é a maior riqueza que
podemos ter neste “vale de lágrimas” e na felicidade dos habitantes do Céu.
Comunhão não é só receber a Hóstia Santa. Todos podem viver esta comunhão com
Deus, pois ela é, em primeiro lugar, um dom e uma iniciativa de Deus. Ele que
entra em comunhão conosco. A vinda de Jesus ao mundo tem como missão
fundamental proclamar que Deus quer entrar em comunhão conosco: “Vim para que
tenham a Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Por isso insiste em dizer que “quem
me acolhe, acolhe Aquele que me enviou” (Jo 13,20). Somos conduzidos à mesma comunhão de Vida existente
no relacionamento das Três Pessoas. Isso significa, como escreve S. Pedro:
“Para que vos tornásseis participantes da natureza divina” (2Pd 1,4).
Esta Vida é o que faz da comunidade Corpo de Cristo. O
Espírito Deus nos reúne e por Ele faz a junção dos muitos membros de seu Corpo.
A comunhão existente entre os fiéis é a mesma existente na Trindade. A
comunidade, por mais social que seja, é divinizada por esta comunhão. Nossas
fragilidades não impedem o que é divino na Igreja, aliás, salientam, pois, do
contrário, não existiria mais. Na missa dizemos: “E a comunhão do Espírito
Santo esteja convosco”. Não é um desejo, mas a proclamação de uma realidade.
Desta verdade nasce a missão da Igreja, pois “Quem conhece o amado, tudo faz
para fazê-lo conhecido e amado” (M.C.Crostarosa). Nada dificulta quem assume esta vida como Vida de
sua vida. Aqui conhecemos os verdadeiros santos: Vivem a Vida Divina e a
comunicam.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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