Na liturgia temos diversos tempos. O mais
importante é o tempo Pascal. Depois temos o Tempo do Natal e por fim o Tempo
Comum que ocupa 34 semanas do ano. É importante por sua extensão, mas não é
menos importante que os outros tempos. Nele não celebramos um mistério
particular da vida do Senhor. Celebramos cada semana, de modo particular no
domingo, o mistério de Cristo e da Igreja em sua globalidade. Neste período
celebramos com mais intensidade as festas de Cristo, da Virgem Maria e dos
Santos. Assim como corre a vida, percorremos os caminhos do Senhor que se
entrelaçam com nossos caminhos. Nossa história se torna história da salvação. O
Tempo Comum é uma escola de espiritualidade para a vida cristã. Nele, o
Mistério da Encarnação e Nascimento de Jesus se encarnam em nossa vida. Nele, a Páscoa da libertação e a Páscoa da
Nova Aliança, revividas semanalmente no dia do Senhor, o Domingo, tomam força
de crescimento na vida espiritual. Assim
nos preparamos para ir ao encontro do Senhor. Neste tempo, como se poderia
dizer, sempre a mesma coisa, encontramos
o valor do que é comum e repetitivo em nossa vida. Cada momento, mesmo fazendo
e vivendo a mesma coisa, não vivemos uma mesmice, mas o tempo sempre novo, pois
cada momento é um morrer e um renascer.
Há tempos grandes porque temos tempos que são seus pequenos alicerces. Em cada
momento vivemos o Nascimento e a Páscoa de Cristo. Ele diz sempre: “Eis que faço
novas todas as coisas” (Ap
21,5). A vida flui, e nos conduz a um belo fim.
808.Na alegria de viver
A espiritualidade
do Tempo Comum faz-nos descobrir que a vida não se faz só de grandes momentos,
mas de fatos pequenos e constantes. A própria natureza tem seus temporais e
seus dias belos. Mas há o cotidiano do dia que se inicia, da noite que acaba,
Dizemos: Sempre a mesma coisa! Fazemos tudo igual, temos horário, costumes e
manias. Cada dia pode ser, como o copo d’água, sorvido com prazer. A
participação da vida, da família, da sociedade, da natureza, pode ser percebida
como dom que gera alegria e crescimento. O mesmo gesto, feito como gratuidade,
se torna para nós um elemento de crescimento, como o alimento ao corpo. Sempre
o mesmo, mas sempre dando vida nova. Mesmo a dor e o sofrimento podem, o que é
difícil, tornarem-se libertadores. Tenho visto que a espiritualidade do povo
refuga o sofrimento e não é capaz de perceber nele o valor de vida que possui.
A cruz liberta. Temos que nos curar, mas compreender que a fragilidade faz
parte da vida.
809.Caminhos do amor
A fidelidade no
dia a dia à oração, aos nossos deveres realizados no amor, tornam-se processo
que faz do ordinário, o extraordinário. Tivemos grandes santos do extraordinário.
Agora. quem está na crista são os santos ordinários, pequenos na vida, mas
grandes no amor, como S. Terezinha. Isso nos explica o sentido da
espiritualidade do tempo comum. É como a comida: feita com sabor, ela alimenta
não só o corpo, mas também o coração. O sabor é sempre diferente. A comida da
mãe não tem só sabor, tem amor. Esse amor faz do alimento um laço de união.
Assim também o cotidiano. Nós damos o sabor ao estar junto, aos servir os
outros, ao cumprir as tarefas. Tudo feito com amor, se torna extraordinário. Um
grande gesto é bonito. Um gesto permanente se torna vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário