“E lhes darei um só coração, e porei dentro deles um novo espírito; e
tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne” (Ez 11,19). O profeta
Ezequiel anuncia um tempo novo que nasce do coração Daquele que muito amou. O
homem novo, nascido da Ressurreição de Cristo recebe esse transplante de
coração. No peito de cada um bate o coração do Filho amado de Deus. Unidos a Seu coração, todos participam deste
amor. É uma bela fonte de
espiritualidade. A festa do Sagrado Coração não celebra um membro do corpo de
Cristo, mas o amor de Deus simbolizado pelo coração do Filho que foi transpassado
pela lança do soldado. Naquele momento, que parecia ser tão doloroso, Jesus faz
o último gesto de sua vida terrena derramando sobre nós as riquezas que o Pai
pôs em Seu coração: De seu lado aberto jorrou sangue e água. Abriu a fonte da
graça: deu-nos o Batismo nas águas e a Eucaristia no sangue. Estes são os
sacramentos dos quais jorram os infinitos sacramentos de Cristo. A imagem da
água que jorra abundante atravessa a Sagrada Escritura, como por exemplo: A
água que jorrou da pedra no deserto (Nm 20,11), águas que nascem da soleira da
porta da cidade (Ez 47,1), água que fervilhava na piscina para curar (Jo 5,4), o
rio que saia debaixo do trono de Deus e
do Cordeiro (Ap 22,1). Jesus afirma que a presença do Espírito é como uma
água que jorra do coração do fiel: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do
seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7,38). A fonte aberta está no Coração
de Jesus e no coração daquele que crê. A verdadeira devoção é deixar-se inundar
por esta fonte. Não se trata de receber grandes bênçãos, mas de viver da Fonte.
802.Uma
porta aberta
Na
espiritualidade cristã, de modo particular, em S. Catarina de Sena, vemos o
lado aberto de Jesus não somente como uma chaga que foi aberta pela lança de
onde ‘correu sangue e água’ (Jo 19,31-37), mas uma porta aberta para entrar no coração de
Jesus, isto é, na casa do amor onde estão todas as delícias de Deus. “Vinde a
mim vós todos que estais cansados sob o peso de vosso fardo. Tomai sobre vós o
meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para as vossas almas” (Mt 11,28-29). Jesus diz de Si: “Eu sou a porta. Quem entrar por
mim será salvo” (Jo
10,9). A abertura do peito de Jesus e de seu coração é símbolo da porta
que Jesus fez para que tivéssemos acesso ao Pai. Esta porta é Ele. Nossa união
a Ele é a entrada que fazemos em Seu coração.
803.Batendo
juntos os corações.
Como é bela devoção
ao Sagrado Coração. Quanta gente faz a novena das nove sextas-feiras! Quantos
entronizaram o quadro do Sagrado Coração! Lembro-me bem, por 1958, de se fazer
em minha casa este piedoso gesto. A devoção não pode abafar o amor e pensar só
em si. O grande problema das devoções é que elas não penetram o coração nem fazem
mudar de vida para ter os mesmos sentimentos de Cristo (Fl 2,5). Deus
quer devoção, mas cheia do mesmo amor que Jesus manifesta. Não basta um amor
exterior. Isso mata nossa fé. Por isso, temos que fazer um transplante de
coração, colocando em nós o Seu Coração. Nosso
coração se torna sagrado quando invadido pelo amor, batendo ao ritmo de Coração
de Cristo. Por isso rezamos: Doce Coração de Jesus, fazei nosso coração
semelhante ao Vosso. É neste Coração que se encontram as riquezas do amor de
Deus.
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