Na
Igreja Ocidental, no caso a nossa Romana, e mesmo entre os evangélicos, houve
um desconhecimento bastante grande do Espírito Santo. Com o surgimento dos
pentecostais, mesmo carismáticos católicos, cresceu um conhecimento maior e uma
vivência mais clara do Espírito Santo. A teologia das Igrejas Orientais é muito
mais pneumática (pneuma
significa espírito), aprofunda muito mais a ação do Espírito Santo.
Temos muito que aprender deles. Por que este desconhecimento? Imagino que o
pensamento romano antigo sendo mais intelectualista dificultou conhecer o
Espírito que, como o vento, não pode ser controlado. O oriental é mais aberto à
poesia, ao misticismo e ao simbolismo. Não podemos, contudo, ter o Espírito
Santo como “fazedor” de milagres, doador de dons especiais que satisfazem nossa
vaidade espiritual. Jesus, ao prometer o Espírito indica-nos a missão: “Ele
dará testemunho de mim” (Jo
15,26); “Ele arguirá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do
julgamento”(16,8);
“Ele vos conduzirá à verdade plena” (16,8); “Ele me glorificará” (16,14). Nestas poucas palavras Jesus nos
mostra sua missão: Conduzir ao conhecimento de Jesus, à vida no mundo, ao conhecimento
da verdade. Esta não é um punhado de palavras, mas a vida por inteiro. Ele nos
colocará em culto a Cristo, reconhecendo-o como Senhor. O Pai nos dá o Espírito
em toda sua plenitude e não o divide, diminuindo sua “quantidade”. Em
Pentecostes todos tinham o mesmo fogo (At 2,3). “Tal
como o sol ilumina ao mesmo tempo os cedros e cada florinha como se ela fosse a
única na terra, assim também Nosso Senhor se ocupa particularmente de cada
alma, como se não houvesse outra semelhante a ela” (S.Terezinha). Cada um recebe-O em totalidade, mas
cada um de modo diferente para uma obra diferente, assim como uma flor difere
da outra. Cada uma tem sua missão para o bem comum. Podemos compará-lo com a
chuva: a água é igual a todos e se produzem frutos e flores diferentes!
793. Ele
vos ensinará
Se
contemplarmos a ação de Jesus junto aos apóstolos, perceberemos que não teve
sucesso, pois até depois da Ressurreição ainda tem que chamar a atenção:
“Censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração” (Mc 16,14). Eles ainda confundem a
missão de Jesus: “É agora que ides restaurar o Reino de Israel?” (At 1,6). Entendemos
que a ação do Espírito é nos recordar e explicar tudo o que Jesus ensinou (Jo 14,26). A
fidelidade da Igreja a Jesus não vem de si mesma, mas do Espírito que a
garante. Ele interpretará as palavras de Jesus para o tempo em que vivemos de
modo que em todos os tempos não nos falte o conhecimento completo da Palavra.
Podemos atrapalhar sua ação, mas não acabar com ela. Usar o Espírito para ter
belos dons é perder o Dom que é Ele.
794. Fará
morada
Para levar a efeito a
missão de Jesus, o Espírito Santo faz morada em nós como em um templo: “Não
sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”(1Cor 3,16); “O
Espírito da verdade... Vós o conheceis, porque permanece convosco e está em
vós” (Jo 14,17).
A presença do Espírito dá-nos a participação na vida de Deus. Ele vem para a
purificação: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados”(Jo 20,23). Ele é a
força que nos faz resistir a todo mal e praticar o bem: “O Espírito descerá
sobre vós e dele recebereis a força para” ... “e sereis minhas testemunhas ...
até os confins da terra” (At
1,8). Em cada liturgia recebemos o Espírito para que esteja sempre
conosco.
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