segunda-feira, 14 de novembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “O amor que se torna fecundo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Vida nova
            O amor sempre dá vida. O amor norteia a leitura da Exortação Apostólica do Papa Francisco, Amoris Laetitia – Alegria do amor. Papa Francisco tem nos explicado as profundezas do amor. Entramos agora na reflexão sobre sua fecundidade. S. João Paulo II ensina que o nascimento de um filho é a continuação do casal:  “Enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos na realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade do casal e síntese viva e inseparável do ser pai e mãe” (Familiaris Consortio 14). Falar de gravidez é sempre um susto para alguns ou grande alegria para outros. Fica esquecido o fato da vida do casal que se doa não só ao filho, mas vai além de si. Celebramos o acolhimento da vida que chega como um presente de Deus. A profundidade da criação de uma nova vida é insondável. Assim como Deus nos amou antes de O conhecermos, assim a criança é amada. Não há criança indesejada. Há uma vida a ser amada. Se não coincide com nossas opções, pode coincidir com nossas escolhas. Todo filho gerado é um dom que é nos confiado. O mistério da criação de um novo ser, seja animal, humano, vegetal é um mistério insondável. Podemos explicar como funciona, mas não como a vida é dada. Certamente que a procriação não é ilimitada, mas realizada na liberdade sábia e responsável. Podemos ver nos países onde foi coibida a procriação como sofreram e tem que sofrer as consequências da coibição, pois contraria o natural de Deus.
Amor na expectativa própria da gravidez
            Na gravidez a mãe colabora com Deus para que se verifique o milagre de uma vida nova. A maravilha da gravidez não é somente um acontecimento na vida de uma mulher, mas a participação no mistério da Criação. Essa missão criadora é renovação da humanidade. Diz o Papa, citando S. João Paulo II: “Cada mulher participa do mistério da criação, que se renova na geração humana”. A riqueza da vida que se inicia está desde toda eternidade no projeto de Deus. Não existe gravidez por acaso. Desde o primeiro instante da concepção ali está o olhar amoroso de Deus. Os pais sonham o futuro dos filhos. Sonhar é preciso. “Uma família, quando perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se” (AL 169). Assim se liga também ao Batismo. Podemos saber muita coisa sobre a criança durante a gestação, “mas conhecê-la em plenitude, só o faz o Pai do Céu que a criou: o mais precioso e o mais importante só Ele conhece, pois é Ele que sabe quem é aquela criança e qual é sua identidade mais profunda” (AL 170). Não é possível desligar a gravidez do projeto de Deus. O filho, venha como vier é sempre o filho. O amor dos pais é para a criança a primeira expressão do amor de Deus. Uma gravidez deve ser conduzida no relacionamento com Deus que a deu.
Canal por onde chega Deus
            Todos os cuidados que a criança recebe é a confirmação das qualidades espirituais do amor. O amor é uma centelha de Deus. Por isso a importância de a criança sentir o amor do pai e da mãe, o que é um direito natural, muito necessário para o amadurecimento humano. Sente necessidade de sentir o amor de um pelo outro. A falta de um dos dois deve ser compensada de modo que favoreça o amadurecimento adequado do filho. (Al 712). A presença paterna é, por mais que a vida traga urgências que o absorva, de necessidade vital. Nos primeiros meses e tempos, a presença da mãe é fundamental pois que a missão da maternidade e da continuada gestação e proteção.

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