PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Amor
que acolhe
Em sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia – Alegria do Amor, o Papa
Francisco reflete todas as questões que envolvem a família. Nos próximos
números vai se dedicar à extensão que a família possui além de seu pequeno
mundo. Toca em primeiro lugar, no caso das famílias que não têm filhos. Mesmo
assim, o casamento não perde seu valor. A maternidade e paternidade se
manifestam de outro modo. O casal sem filhos não é incompleto. Tem a
possibilidade de fazer de seu matrimônio uma fonte de vida para os outros.
Trata a seguir da adoção de filhos. É uma responsabilidade maravilhosa, mas por
outro lado muito difícil. É uma grande oportunidade promover a vida. “Adotar é um
ato de amor que oferece uma família a quem não tem... tornam-se assim, mediação
do amor de Deus” (AL
179). “A escolha da adoção e do acolhimento expressa uma fecundidade
particular da experiência conjugal” (AL 180). A leitura do Evangelho nos faz notar que a Família de
Nazaré era muito alargada, onde encontra os parentes e amigos. “O casal que
experimenta a força do amor, sabe que esse amor é chamado a sarar as feridas
dos abandonados, estabelecendo a cultura do encontro e a luta pela justiça... e
chegar a sentir cada ser humano como um irmão” (AL 183). O casal também fala de Jesus aos
outros, transmite a fé, desperta o desejo de Deus e mostra a beleza do
Evangelho e do estilo de vida que nos propõe (AL 184). Paulo nos convida a distinguir o
Corpo do Senhor. Aqui está reclamando também a necessidade de reconhecer o
Corpo do Senhor nos sofredores num exercício de fraternidade. A Eucaristia é
fonte de vida espiritual e fraternidade para com todos.
Família
no sentido amplo
Entramos
numa questão que vai contra a corrente. A família se dilui e se reduz ao pai,
mãe e filho (a). Mas a fé cristã não está aí para fazer acordos, nem ceder os
princípios fundamentais. Ela quer iluminar onde começam a surgir as trevas,
frutos do pecado. Como a família se torna cada vez mais restrita, o Papa
Francisco diz: “O núcleo familiar restrito não deveria isolar-se da família
alargada, onde estão os pais, os tios, os primos e até os vizinhos”. Continua
dizendo que há pessoas que necessitam de companhia, gestos de carinhos e ajuda.
Os outros não são incômodos. Como o amor não é egoísta e fechado em si, o amor
do casal transborda para a família alargada. É comum encontrarmos reunião de
todos que têm sobrenome comum. Fizemos uma dessa para os netos de meu avô
materno. Eram mais de 200 pessoas. Lembra ainda que a consciência de ser filho
é muito rica. Recebemos o dom da vida. Há algo Divino e comporta até um
mandamento. Aqui está o vínculo das gerações. O fato de deixar os pais para
unir-se e fundar um novo lar não destrói a união, mas fortalece pela
continuidade da vida (AL
188-190).
Muitos
e um só corpo
A
comunidade da família se constitui também de idosos e irmãos. Os idosos são
tesouros que necessitam muito trabalho para serem descobertos. Por isso, são
facilmente descartados, abandonados e rejeitados. O carinho com eles é um
investimento em nosso futuro. Foram heróis. Hoje podemos comprar tudo feito.
Eles foram capazes de criar e levar adiante os filhos com poucas condições. Não
podem ser descartados, muito menos pela Igreja. A história não começa conosco.
Eles nos transmitem valores e fazem a passagem. A família que recorda é uma
família de futuro (AL
193). Tive a felicidade de ter os pais por longos
anos. Chegaram aos 75 anos de casados. Foram muito amados pelos filhos, netos e
bisnetos. Foi uma bênção. Eles estarão sempre melhores quando nosso amor por
eles for melhor.
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