PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“Pregamos Cristo
Crucificado”
Um rei diferente!
Desde
a saída do Egito o povo de Israel era comandado por homens carismáticos que os
dirigiam e socorriam nas desgraças. Em certo momento, no século onze exigiu que
Samuel lhe dê um Rei “como têm os outros povos” (1Sm 8,5). O profeta e dirigente do povo,
interpretou que o povo não quer Deus como seu rei. “É a mim que não querem”,
diz Deus (7). O
escolhido e ungido foi Saul. Desagradou a Deus e lhe retirado o Espírito. Davi
foi ungido (1Sm 16,13).
Deus lhe prometeu uma “casa que duraria para sempre”. A realeza judaica foi
efêmera, tendo seu auge em Salomão. Os outros reis se deram à idolatria e
exploração. Em Jesus, descendente de Davi, é cumprida a promessa. Os judeus
esperavam um Messias glorioso que os libertasse dos inimigos. Mas Ele é um rei
diferente e institui um Reino diferente, não para uma raça particular, mas para
todos que O aceitam. A Igreja, continuando a missão de Jesus nem sempre pôs em
prática seu ensinamento sobre a autoridade serviço: “O maior é aquele que
serve. Eu que sou entre vós como aquele que serve” (Lc 22,27).
O povo acolheu Jesus. Os chefes O recusaram. O motivo foi sua realeza.
Não estava conforme seus modelos. O modelo de Jesus corresponde ao desígnio do
Pai: “Buscar as ovelhas perdida que eram os pecadores e os pobres que não
tinham nenhuma esperança”. Quando está na cruz, recebe as zombarias dos chefes,
dos soldados e dos ladrões crucificados com Ele. Foi um fracasso. Provocam
dizendo: “Salva-Te a Ti mesmo, se de fato é o Cristo de Deus, o Escolhido” ...
Se és o rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo!”(Lc 23,35-39). Interrogado por Pilatos
responde: “Meu Reino não é desse mundo”...(Jo 18,36)
Estarás comigo no Paraíso
Jesus
passou pela tentação do poder que possuía como Filho de Deus. Foi a mesma
tentação que passou no deserto: “Se Tu és o Filho de Deus...”. Na cruz o ladrão
O insultava: “Tu não és o Cristo? Salva-Te a Ti mesmo e a nós!” Jesus quis
permanecer no seu Paraíso que era sua entrega ao Pai pelo mundo. Ao ladrão que
ficou bom ladrão, ao assumir Jesus recebe a melhor promessa do mundo. Diz:
“‘Jesus, lembra-Te de mim, quando entrares no teu reinado’. Reponde: ‘Ainda
hoje mesmo estarás comigo no Paraíso’” (Lc 23,35-43). Jesus supera a tentação do poder tendo diante de
si a imagem do Paraíso que era o Pai. Superou todo o desejo de glória. Todos
nós que desejamos o Paraíso só o conseguiremos se buscarmos sempre o serviço
humildade que crucifica todo orgulho, tendência ao poder e à mania de querer
aparecer e dominar. A comunidade cristã é convocada a ser o Paraíso que é o
Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da
paz (Prefácio).
A realeza de Jesus não é um projeto humano. É divino.
Trocar de coroa
Cristo
morre prestando um grande serviço ao mundo de todos os tempos: Humilhou-Se. É o
que vemos por todo lado, com dor, dentro da Igreja, mesmo nas comunidades
pequeninas. Infelizmente A Igreja foi um reino ao lado dos outros, com a
supremacia sobre o espiritual e o temporal. Papa era um rei como os monarcas
medievais e renascentistas. Onde ficou o Jesus da Galiléia? Quando as Palavras
de Papa Francisco ecoam como mudança, há uma rejeição injustificada. A pregação
deve consistir num esforço conversão ao Cristo Crucificado, loucura para os
gregos, escândalo para os judeus Para os que crêem ... (Cor 1,24). Não podemos pregar uma
mudança se não tivermos em conta que a coroa que cinge a Igreja e cada cristão
é a coroa do serviço e o amor dedicado.
Leituras:2º Samuel 5,1-3; Salmo 121;Colossenses
1,12-20; Lucas 23,35-43
1.
A realeza de
Jesus cumpre a promessa feita a Davi de uma casa eterna. Os chefes do povo
recusaram Jesus porque não correspondia a suas idéias sofre o Messias. Jesus
apresenta um rei que põe sua vida a serviço.
2.
Recusado pelos chefes, soldados e ladrões, Jesus se
mantém no seu Paraíso que era cumprir a vontade do Pai: servir a todos. Assim
também deve ser a Igreja.
3.
Cristo, com sua encarnação humilhou-se despojando sua
realizada do sentido de poder e domínio. Esse é o caminho da Igreja.
O perigo do se....
No momento da morte de Jesus os chefes do povo zombavam de Jesus, os
soldados caçoavam e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” Quando Jesus foi tentado pelo demônio, este
dizia: “Se tu és o Filho de Deus....” (Mt 4,3ss). Era a grande tentação de Jesus. Tão humano que era, passava pela
tentação e a vencia com a Palavra de Deus.
A
perseguição feita a Jesus culmina em condenação e morte. No momento extremo é aclamado
como Rei e Senhor pelo ladrão que o reconhece: ‘“Lembra-te de mim, quando
entrares no teu reinado’, Respondeu-lhe Jesus: ‘ainda hoje estará comigo no
Paraíso”’ (Lc
23,42).
Jesus
não se improvisa rei, nem toma o poder por uma decisão pessoal. Deus
encaminhara a história de seu povo e, depois dos juízes, dá-lhe um rei. O Reino
de Israel se consolida em Davi que recebe a promessa de uma casa eterna. Essa
promessa se concretiza em Jesus. De um reino terreno que tem como herança, abre
a todos a herança de um reino eterno.
Na carta aos
Colossenses ensina-nos quem é esse Rei que foi rejeitado, crucificado e
ressuscitado: Ele é a imagem do Deus invisível, por Ele foram feitas todas as
coisas, tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele é a Cabeça do Corpo que é
a Igreja, princípio e primogênito dentro os mortos. Deus fez habitar Nele toda
sua plenitude e por meio Dele reconciliar consigo todos os seres por meio do
sangue da sua cruz (Cl
1,12-20). Em poucas palavras
temos a grandeza desse Homem que é Deus. Nossa fé assim crê e assim vive. Como
o ladrão que chamamos de bom, conseguiu ser acolhido imediatamente no Reino,
nós também, pela fé e dedicação de vida, podemos ser acolhidos e tomar posse
com Ele do Reino.
“Se
tu és o Filho de Deus....”. Sim, somos filhos de Deus e herdeiros com Cristo.
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