Evangelho segundo S. Lucas 19,1-10.
Naquele
tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um
homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem
era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena
estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus,
que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e
disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele
desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos
murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto,
Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos
meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes
mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu
também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e
salvar o que estava perdido».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santa Isabel da Santíssima Trindade (1880-1906), carmelita
Último
retiro, 42-44
«Eu hoje devo ficar em tua casa.»
«Só em Deus repousa a minha alma; dele vem a
minha salvação. Só Ele é o meu rochedo e a minha salvação, a minha fortaleza;
jamais vacilarei» (Sl 61, 2-3). Eis o mistério que canta hoje a minha lira! Como
a Zaqueu, o meu Mestre disse-me: «Desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua
casa.» Desce depressa, mas aonde? Ao mais fundo de mim própria: depois de me ter
deixado a mim própria, separado de mim própria, despojado de mim própria, numa
palavra, sem mim própria.
«Eu hoje devo ficar em tua casa.» É o meu
Mestre que me exprime esse desejo! O meu Mestre quer habitar em mim, com o Pai e
o seu Espírito de amor, porque, segundo a expressão do discípulo amado, eu estou
em comunhão com eles (1Jo 1,3). «Já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois
concidadãos dos santos e membros da família de Deus», diz S. Paulo (Ef 2,19). E
para mim ser «concidadãos dos santos e membros da família de Deus» consiste em
viver no seio da tranquila Trindade, no meu abismo interior, nessa fortaleza
inexpugnável do santo recolhimento de que fala S. João da Cruz. [...]
Oh! Que bela é esta criatura assim despojada, salva de si própria! [...]
Ela sobe, eleva-se acima dos sentidos, da natureza; ultrapassa-se a si própria;
ultrapassa toda a alegria, assim como toda a dor, e passa através das nuvens,
para só descansar quando tiver penetrado no interior daquele que ama e que lhe
concederá, Ele próprio, o repouso. [...] O Mestre disse-lhe: «Desce depressa.» É
ainda sem de lá sair que ela viverá, à imagem da Trindade imutável, num eterno
presente [...], tornando-se, por um olhar sempre mais simples, mais unitivo, «o
esplendor da sua glória» (Heb 1,3), dito de outro modo, louvor e glória da suas
adoráveis perfeições.
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