Evangelho segundo S. Lucas 11,15-26.
Naquele
tempo, Jesus expulsou um demónio, mas alguns dos presentes disseram: «É por
Belzebu, príncipe dos demónios, que Ele expulsa os demónios». Outros, para O
experimentarem, pediam-Lhe um sinal do céu. Mas Jesus, que conhecia os seus
pensamentos, disse: «Todo o reino dividido contra si mesmo, acaba em ruínas e
cairá casa sobre casa. Se Satanás está dividido contra si mesmo, como
subsistirá o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios. Ora, se Eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos
discípulos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes. Mas se Eu expulso
os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até
vós. Quando um homem forte e bem armado guarda o seu palácio, os seus bens
estão em segurança. Mas se aparece um mais forte do que ele e o vence,
tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos. Quem não
está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa. anda a vaguear
por lugares desertos à procura de repouso. Como não o encontra, diz consigo:
‘Voltarei para a casa de onde saí’. Quando o espírito impuro sai do homem,
quando lá chega, encontra-a varrida e arrumada. Então vai e toma consigo
sete espíritos piores do que ele, que entram e se instalam nela. E o último
estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro».
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Boaventura (1221-1274),
franciscano, doutor da Igreja
Vida de São Francisco, legenda maior, cap. 12
«Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demónios, então chegou
até vós o Reino de Deus» (Mt 12,28)
Em todas as suas ações, Francisco foi
auxiliado pelo Espírito do Senhor, de quem recebeu a unção e a missão (cf Is
61,1), e por «Cristo, virtude e sabedoria de Deus» (1Cor 1,24). [...] A sua
palavra era um fogo ardente que penetrava até ao fundo dos corações e enchia de
admiração todos quantos o ouviam, pois não exibia ornamentos inventados pela
inteligência humana, mas espalhava o perfume das verdades reveladas por Deus.
Este facto tornou-se bem perceptível um dia em que, tendo de pregar na
presença do Papa e dos seus cardeais [...], tinha memorizado um sermão
cuidadosamente composto. [...] Mas, uma vez diante da assembleia, esqueceu-se
completamente dele, não conseguindo recordar-se de uma única palavra.
Confessou-o com humildade, recolheu-se para invocar a graça do Espírito Santo, e
de imediato encontrou uma eloquência tão persuasiva, tão poderosa sobre a alma
dos seus ilustres ouvintes, que se tornou bem claro que já não era ele quem
falava, mas o Espírito do Senhor [...].
Não tinha por hábito afagar os
vícios dos grandes, mas tratá-los com vigor; nem condescender com a vida dos
pecadores, mas admoestá-los severamente. Censurava pequenos e grandes com a
mesma firmeza de espírito, e tinha a mesma alegria em falar a pequenos grupos e
a grandes multidões. Homens e mulheres, jovens e velhos, acorriam para ver e
ouvir este homem novo enviado do Céu; ele percorria as várias regiões,
anunciando com fervor o Evangelho; e «o Senhor cooperava, confirmando a palavra
com os sinais que a acompanhavam» (Mc 16,20). De facto, em nome do Senhor, este
arauto da verdade expulsava os demónios, e curava os enfermos (Mc 16,17; 6, 13).
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