Evangelho segundo S. Lucas 8,1-3.
Naquele
tempo, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias, a pregar e a anunciar a boa
nova do reino de Deus. Acompanhavam-n’O os Doze, bem como algumas mulheres
que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades. Eram Maria,
chamada Madalena, de quem tinham saído sete demónios, Joana, mulher de Cusa,
administrador de Herodes, Susana e muitas outras, que serviam Jesus e os
discípulos com os seus bens.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Audiência geral de 14/2/07 (©
copyright Libreria Editrice Vaticana)
«Acompanhavam-No os Doze, bem como algumas mulheres»
Sabemos que, de entre os seus discípulos,
Jesus escolheu doze homens como pais do novo Israel, e escolheu-os para «estarem
com Ele e para os enviar a pregar» (Mc 3, 14). Este facto é evidente mas, além
dos Doze, colunas da Igreja, pais do novo Povo de Deus, também há muitas
mulheres que são incluídas no número dos discípulos. Posso apenas mencionar
brevemente aquelas que se encontram no caminho do próprio Jesus, a começar pela
profetisa Ana (Lc 2,36-38), até à Samaritana (Jo 4,1-39), à mulher sírio-fenícia
(Mc 7,24-30), à hemorroíssa (Mt 9,20-22) e à pecadora perdoada (Lc 7,36-50). Não
me referirei sequer às protagonistas de algumas eficazes parábolas, por exemplo
a uma dona de casa que amassa o pão (Mt 13,33), à mulher que perde a dracma (Lc
15,8-10), à viúva que importuna o juiz (Lc 18,1-8). Mais significativas nesta
nossa reflexão são aquelas mulheres que desenvolveram um papel ativo no contexto
da missão de Jesus.
Em primeiro lugar, pensamos naturalmente na Virgem
Maria que, com a sua fé e a sua obra maternal, colaborou de modo único na nossa
Redenção, de tal forma que Isabel a proclamou «bendita [...] entre as mulheres»
(Lc 1,42), acrescentando: «Feliz de ti que acreditaste» (Lc 1,45). Tornando-se
discípula de seu Filho, Maria manifestou em Caná total confiança nele (Jo 2,5) e
seguiu-O até à Cruz, onde recebeu dele uma missão maternal para com todos os
seus discípulos de todos os tempos, representados por João (Jo 19,25-27).
Surgem depois várias mulheres que, a diversos títulos, gravitaram em
torno da figura de Jesus, com funções de responsabilidade. São exemplo eloquente
disso as mulheres que seguiam Jesus para O assistir com os seus bens e das quais
Lucas nos transmite alguns nomes: Maria de Magdala, Joana, Susana e «muitas
outras» (Lc 8,2-3). Depois, os Evangelhos informam-nos de que as mulheres,
diversamente dos Doze, não abandonaram Jesus na hora da Paixão (Mt 27,56.61; Mc
15,40). Entre elas destaca-se, em particular, Madalena, que presenciou a Paixão,
mas que foi também a primeira testemunha do Ressuscitado e quem O anunciou (Jo
20,1.11-18). É precisamente para Maria de Magdala que S. Tomás de Aquino reserva
a singular qualificação de «apóstola dos apóstolos», dedicando-lhe este bonito
comentário: «Assim como uma mulher tinha anunciado ao primeiro homem palavras de
morte, assim também foi uma mulher a primeira a anunciar aos apóstolos palavras
de vida».
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