Jesus ensinava os
apóstolos com palavras simples, fazendo ver que, além das palavras, sua Pessoa
era o ensinamento. Dissera: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Caminhando pela Galiléia, Jesus fez o
segundo anúncio de sua Paixão: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos
homens, e eles o matarão. Mas três dias após sua morte, ele ressuscitará” (Mc 9,31). Eles “não compreendiam estas palavras
e tinham medo de perguntar” (Mc 9,32). Já
em casa, perguntou o que discutiam pelo caminho. Eles se calaram, pois
discutiam quem era o maior. Fez então, o ensinamento sobre quem é o maior: é
aquele que se faz o menor e serve a todos. Jesus é o maior, pois sua vida, paixão,
morte e ressurreição são um serviço. Ele se entregou até o extremo do amor (Jo 13,1). Na ceia Jesus exemplifica sua missão
e obra de redenção lavando os pés dos apóstolos que é serviço do escravo (Jo 14,1-20). A justiça de Jesus é a coerência
com o amor que serve e acolhe os simples. Incomoda-nos a necessidade da Paixão
e a morte de Jesus. É um escândalo: ‘Por que passar por tudo isso? Precisava
sofrer desse tanto?’ Deus entrega seu Filho à humanidade. O Filho continua esta
entrega. A entrega é também acolhimento. É por isso que chama os discípulos a
acolherem os pequenos. Deste modo acolhem a Ele e, por Ele, o Pai. Ele é a criança, isto é, aberto ao Pai e aos
irmãos. Acolher os pequenos e servir é o que faz o discípulo grande. O
discípulo participa do serviço do Mestre. O anúncio que podemos fazer à
humanidade é o serviço dando vida e dando a vida, com os preços deste gesto.
Esta é a justiça de Jesus. Por ela somos justificados, isto é, santificados.
Armemos ciladas ao justo
O comportamento do
justo é uma acusação contra os que praticam a injustiça (Sb 2.12). Vivemos tempos em que a verdade é tida como erro e o
erro como verdade. Numa sociedade de injustos, a presença de quem pratica a
justiça e é coerente com a verdade, é um incômodo. São criticados e falsamente
acusados. Chegam ao crime da tortura e à morte: “Vamos pô-lo à prova com
ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência. Vamos
condená-lo à morte vergonhosa , porque, de acordo com suas palavras, virá
alguém em seu socorro” (Sb 2,19-20). Foi o
que ocorreu com Jesus. A Igreja continua o que sofreu o Mestre. Ela é sempre a
primeira vítima. Meios de comunicação, sem saber a verdade, acusam e não
desmentem. O mal tem seus seguidores. Encontramos isso em nossas casas e
Igrejas. Jesus também foi incompreendido e traído pelos seus.
Onde nascem as paixões?
S. Tiago, sempre
muito prático, mostra onde está a fonte da maldade: “De onde vem as guerras? De
onde vêm as brigas entre vós? Não vem das paixões que estão em conflito dentro
de vós?” (Tg 4,1). Essas maldades tiram de
nós o efeito da oração: “Pedis, mas não recebeis porque pedis mal. Pois só
quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres” (v.3).
O injusto tem um problema dentro de si. O mal está dentro de nós e tem que ser
tratado para que haja a coerência espiritual e humana, psicologicamente e
espiritualmente sadios. Deste modo podemos encarnar a entrega e o acolhimento.
Participar da Eucaristia é o momento de aprender a justiça pela capacidade de
comunhão que temos.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário