PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Uma
redenção que é serviço
Jesus está a caminho de Jerusalém
para completar sua missão. Já anunciara três vezes, sua Paixão e Ressurreição.
Sua morte é a realização de toda Palavra e o caminho para o Pai. Ele veio para “dar
a vida em resgate para todos” (Mc 10,46).
Sua missão realiza-se como o serviço do escravo de todos (44). Assim ensina os discípulos que querem o
poder no “futuro Reino”. Foi o que lemos: João e Tiago pedem a Jesus que lhes
dê os dois melhores “ministérios” em seu futuro Reino. A comunidade de Marcos tinha
este problema da luta pelo poder. Jesus, com a explicação que dá, afirma o
sentido do poder em o novo Reino: “Entre vós não será assim. Quem quiser ser
grande seja vosso servo e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (43-44). O novo Reino exclui a tirania e a
opressão como fazem os poderosos da terra (41).
Jesus tem o poder de servir. Há uma reviravolta no pensamento do mundo sobre a
autoridade. Se não nos desfizermos deste modo de pensar prestamos um desserviço
ao Reino. Jesus afirma a redenção como serviço do amor. Ele associa a si os
dois discípulos em sua entrega ao Pai (38-39),
isto é, dar a vida na morte dolorosa. Sua morte de cruz é compreendida como serviço que faz justos
todos os homens. Ele carregou sobre si nossas dores (Is 53,11). Jesus associa os dois discípulos ao seu poder de
serviço sofredor. O discípulo deve seguir o mesmo caminho, ser batizado em sua
morte, não tanto no martírio, mas na entrega ao serviço. A Igreja não está no
mundo para ser um poder como os outros. Seu poder está no serviço que presta a
todos, mesmo que não sejam católicos. É, um convite às religiões ou seitas a se
colocarem a serviço de todos.
Um
dom perdido
A
carta aos Hebreus, explicando o mistério da salvação, apresenta Jesus como o
Sumo-Sacerdote: “Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de
nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do
pecado” (Hb 5,15). Em sua experiência de
excluído, compreende os sofredores e excluídos do mundo. Jesus dá-nos uma lição
muito grande sobre a finalidade do sofrimento. Na mente do povo, em geral, o
sofrimento é visto como castigo. O sofrimento não é uma punição. De um pecado
que tenhamos feito. É comum ouvirmos: “O que fiz para merecer tudo isso”?
quando não culpamos Deus de não cuidar de nós. Pensamos que não podemos ter
sofrimentos nem problemas. Jesus não pecou e sofreu. Mas não acusou Deus. Nosso
sofrimento deve estar unido ao sofrimento de Jesus. Assim ele se torna
redentor. Assim poderemos compreender o que sofremos e superar a angústia da
dor.
O
serviço da misericórdia
“No Senhor nós esperamos confiantes, porque Ele
é nosso auxílio e proteção” (Sl 32,20). Em nossos sofrimentos podemos contar com a
misericórdia de Deus. É nele que podemos nos refugiar. Nossos pecados não
fecham a porta aberta do coração de Filhos que sempre chama: “Vinde a mim vós
todos que estais oprimidos e eu vos aliviarei (Mt
11,28). “Aproximemo-nos então com toda confiança, do
trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançar a graça de um auxílio
no momento oportuno” (Hb 4,16). Se Deus é misericordioso, tenhamos misericórdia com
os outros, pois somos uma extensão da misericórdia de Jesus. A Igreja
administra a misericórdia de Deus e não só a justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário