sábado, 18 de junho de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Rio que jorra do trono de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Rios de Água Viva
Com a Ascensão de Jesus, o Rio da Vida que brota do trono de Deus não foi desviado do nosso tempo. Ele está sempre a jorrar num permanente Pentecostes. O Espírito é dado e acolhido com dom do Ressuscitado. Ele se comunica como uma Pessoa. No A. Testamento os homens quiseram construir uma torre que chegasse até o céu: “Criaremos fama e não nos dispersaremos” (Gn 11,4). Esse é um sonho da humanidade: fama e unidade. Não funcionou porque não tinham o Espírito de Deus, mas do orgulho. Confundiram-se a língua e se dispersaram. Sem o Espírito de Deus, é difícil nos entendermos. Em Pentecostes, os apóstolos, reunidos no mesmo lugar, abertos ao fogo do Espírito construíram não uma torre, mas uma rede de comunicação na qual falavam e todos entendiam em sua língua natal (At 2,4-6). Construíram uma Igreja. A língua do Espírito pode ser entendida por todos. É como um rio de Água Viva que brota de cada um (Jo 7,38). O Espírito que animou o barro do primeiro homem, moveu os patriarcas, iluminou os profetas, deu a Vida ao seio de Maria e conduziu Jesus, está presente nos apóstolos e em todos os que acolhem a Palavra. “Ele faz novas todas as coisas” (Ap 21,5). Esse rio de Água Viva brota do altar de Deus presente no coração de cada um, onde o Espírito ora com gemidos inenarráveis” (Rm 8,26). Por ele, o Espírito renova a face da terra.
Médico das almas.
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, Jesus se colocou no meio deles e disse: “A paz esteja convoco... a quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados” (Jo 20,22). A paz do Espírito cura o coração e devolve a vida. Por isso Ele é médico, luz, benfeitor, descanso; Ele lava, rega, abranda, guia. Jesus, com seu Mistério Pascal de morte e Ressurreição, infunde em cada um seu Espírito e o torna capaz de ser membro do Corpo de Cristo, pois, “apesar de numerosos constituímos um só corpo com Cristo” (1Cor 12,12). Não podemos viver sem o Espírito Santo. Cada um o recebe de um modo diferente e enriquecedor. Maria “fora habitada de tal modo pela Palavra de Deus que toda a energia de acolhimento se torna consentimento; Por ela e pelo Espírito o Verbo se fez carne.” (J.Corbon). Cristo, na morte, é puro consentimento ao amor do Pai, por isso ressuscitado pelo Espírito (Rm 8,11). Os discípulos, frágeis, mas acolhedores, foram transformados pelo Espírito. Ele é o médico que cura o que está destruído.
Gememos por um Espírito
A terra seca pede a chuva, a noite pede o sol, a dor pede o alívio, o vazio pede vida. Nós pedimos o Espírito que nos conforta, fortalece, cura e ilumina. Pentecostes cura Babel, que quer dizer confusão. O mundo contemporâneo, como em todos os tempos, é um rebanho sem pastor. Está frágil e é pasto de lobos, disfarçados de ovelhas, até dentro das Igrejas. Para curar nossa Babel, temos que infundir no coração aquela Palavra de Jesus: “Eu vos dou a paz, eu vos dou minha paz!” (Jo 14,27). Dar o Espírito sem medida é nossa missão. Deixemos que o Espírito Santo penetre nosso coração para podermos, também nós, irradiar a vida. Isto acontece em cada celebração na qual formamos Corpo com Cristo e damos Glória ao Pai.

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