PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Fé
nos transfigura
No
segundo domingo da Quaresma, ouvimos o Evangelho da Transfiguração do Senhor. A
Transfiguração está no caminho de Jesus para a Páscoa. Diante do escândalo da
Cruz, a Palavra de Deus apresenta-nos o Cristo glorificado através de uma
magnífica teofania, isto é manifestação de Deus. Revela-nos sua glória para dar
sentido à morte de Jesus na cruz. Na Quaresma deste ano refletimos o tema da
aliança. Estar em aliança com Deus é ser transfigurado. Lemos que Jesus levou
seus discípulos escolhidos para uma alta montanha e se transfigurou diante
deles. Suas vestes se tornaram brancas e brilhantes. Apareceram-lhe Moisés e
Elias, símbolos da Lei e dos profetas, síntese da antiga aliança. Jesus
condensa em si a Lei e a Profecia. Ele, em seu sangue sela a nova Aliança (Lc 22,20). Nesse momento entraram na nuvem que
significa a presença de Deus. O Pai apresenta Jesus aos discípulos como seu
Filho amado (Mc 9,7). Havíamos refletido
da Quaresma, no primeiro domingo, a tentação de Jesus. A vitória de Jesus sobre
a tentação é o caminho da glorificação. No caminho da aliança (Mc 1,12) passamos pelo sacrifício de Isaac,
tipo – explicação - do sacrifício de Cristo. Como Jesus carrega a cruz, Isaac
carrega a lenha nas costas. O monte é o mesmo local, o Monte Mória, lugar onde
será construído o templo e se faziam os sacrifícios. Abraão, pela obediência da
fé, chegou à oferta de Isaac. Deus aceita o sacrifício que fez de seu filho.
Deus o poupou, providenciando-lhe um cordeiro (Gn
22,13). Jesus, o Cordeiro de Deus, não foi poupado, para sermos
poupados. A fé de Abraão deu-lhe a vitória. A obediência de Jesus deu-lhe a
vitória sobre o pecado e garantiu-nos a participação de sua glória: “Deus, que
não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria
tudo com Ele?” (Rm 8.32). A meta do
cristão é a transfiguração de sua fragilidade pela fé: “Guardei minha fé, mesmo
dizendo:“É demais o sofrimento em minha vida’” (Sl
115). Com Ele somos glorificados (Rm 8,17).
Escutai
o que ele diz
A
Transfiguração é uma realidade na vida dos cristãos. Todos somos transfigurados
por Cristo a partir do Batismo e da presença do Espírito em nós. Somos
revestidos de Cristo (Gl 5,27). Vemos
agora por um espelho, mas veremos face a face (1Cr 13e,12).
É preciso subir o monte que é Cristo. Estando na presença de Deus, como o
fazemos pelo gesto de amor, ouviremos as palavras do Pai. Uma das poucas
palavras que o Pai diz “ao vivo” é a declaração de Jesus ser Filho e que a nós
compete ouví-lo. Assim ouvimos seu Batismo e em sua Transfiguração. As demais
palavras, quem as diz é o Filho: digo o que ouvi de meu Pai (Jo, 8,38). Somente ouvindo sua Palavra é que
poderemos viver a presença de Deus, como diz Pedro: “É bom estarmos aqui” (Mc 9,5). Poderemos entender sua Paixão e chegar
à glória de sua Ressurreição. O discípulo é aquele que ouve o Filho e põe em
prática suas palavras (Mt 7,24). Deste
modo realiza sua parte na Aliança, como Abraão que ouviu e obedeceu na fé.
Sacrificando
meu Isaac
Deus
prova a fé de Abraão pedindo o sacrifício de seu filho Isaac. A Jesus é
oferecida a Cruz. Dizia: “Devo receber um batismo, e como me angustio até que
esteja consumado!” (Lc 12,50).
Abraão e Jesus, para receberem a aprovação de sua vida e missão, deram uma
resposta de aceitação da vontade de Deus. E nós também somos instados a
responder com fé, mesmo tendo que sacrificar nosso Isaac, nossos caprichos. Sem
isso jamais teremos uma fé que seja de redenção. “Sem efusão de sangue não há
remissão” (Hb 9,22). Na
Eucaristia renovamos a aliança e somos transfigurados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário