terça-feira, 17 de maio de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Transfiguração, meta do cristão”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Fé nos transfigura
            No segundo domingo da Quaresma, ouvimos o Evangelho da Transfiguração do Senhor. A Transfiguração está no caminho de Jesus para a Páscoa. Diante do escândalo da Cruz, a Palavra de Deus apresenta-nos o Cristo glorificado através de uma magnífica teofania, isto é manifestação de Deus. Revela-nos sua glória para dar sentido à morte de Jesus na cruz. Na Quaresma deste ano refletimos o tema da aliança. Estar em aliança com Deus é ser transfigurado. Lemos que Jesus levou seus discípulos escolhidos para uma alta montanha e se transfigurou diante deles. Suas vestes se tornaram brancas e brilhantes. Apareceram-lhe Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos profetas, síntese da antiga aliança. Jesus condensa em si a Lei e a Profecia. Ele, em seu sangue sela a nova Aliança (Lc 22,20). Nesse momento entraram na nuvem que significa a presença de Deus. O Pai apresenta Jesus aos discípulos como seu Filho amado (Mc 9,7). Havíamos refletido da Quaresma, no primeiro domingo, a tentação de Jesus. A vitória de Jesus sobre a tentação é o caminho da glorificação. No caminho da aliança (Mc 1,12) passamos pelo sacrifício de Isaac, tipo – explicação - do sacrifício de Cristo. Como Jesus carrega a cruz, Isaac carrega a lenha nas costas. O monte é o mesmo local, o Monte Mória, lugar onde será construído o templo e se faziam os sacrifícios. Abraão, pela obediência da fé, chegou à oferta de Isaac. Deus aceita o sacrifício que fez de seu filho. Deus o poupou, providenciando-lhe um cordeiro (Gn 22,13). Jesus, o Cordeiro de Deus, não foi poupado, para sermos poupados. A fé de Abraão deu-lhe a vitória. A obediência de Jesus deu-lhe a vitória sobre o pecado e garantiu-nos a participação de sua glória: “Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo com Ele?” (Rm 8.32). A meta do cristão é a transfiguração de sua fragilidade pela fé: “Guardei minha fé, mesmo dizendo:“É demais o sofrimento em minha vida’” (Sl 115). Com Ele somos glorificados (Rm 8,17).
Escutai o que ele diz
            A Transfiguração é uma realidade na vida dos cristãos. Todos somos transfigurados por Cristo a partir do Batismo e da presença do Espírito em nós. Somos revestidos de Cristo (Gl 5,27). Vemos agora por um espelho, mas veremos face a face (1Cr 13e,12). É preciso subir o monte que é Cristo. Estando na presença de Deus, como o fazemos pelo gesto de amor, ouviremos as palavras do Pai. Uma das poucas palavras que o Pai diz “ao vivo” é a declaração de Jesus ser Filho e que a nós compete ouví-lo. Assim ouvimos seu Batismo e em sua Transfiguração. As demais palavras, quem as diz é o Filho: digo o que ouvi de meu Pai (Jo, 8,38). Somente ouvindo sua Palavra é que poderemos viver a presença de Deus, como diz Pedro: “É bom estarmos aqui” (Mc 9,5). Poderemos entender sua Paixão e chegar à glória de sua Ressurreição. O discípulo é aquele que ouve o Filho e põe em prática suas palavras (Mt 7,24). Deste modo realiza sua parte na Aliança, como Abraão que ouviu e obedeceu na fé.
Sacrificando meu Isaac
            Deus prova a fé de Abraão pedindo o sacrifício de seu filho Isaac. A Jesus é oferecida a Cruz. Dizia: “Devo receber um batismo, e como me angustio até que esteja consumado!” (Lc 12,50). Abraão e Jesus, para receberem a aprovação de sua vida e missão, deram uma resposta de aceitação da vontade de Deus. E nós também somos instados a responder com fé, mesmo tendo que sacrificar nosso Isaac, nossos caprichos. Sem isso jamais teremos uma fé que seja de redenção. “Sem efusão de sangue não há remissão” (Hb 9,22). Na Eucaristia renovamos a aliança e somos transfigurados.

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