PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
622. A força da não-violência
Ser pacífico é uma virtude; ser violento é um vício.
A não-violência é uma virtude muito querida. O grande salto que o cristianismo
provoca no mundo é a vontade de romper com a violência pela cultura da Paz. É
resultado da evangelização sem fronteiras nem sectarismo. O importante não é
trazer gente para a minha Igreja, mas fazer com que o Evangelho chegue a todas
as pessoas e penetre as instituições. Promover a paz é fruto da fé em Jesus. “A
mensagem cristã do poder libertador e salvador do amor radical desmascara a
tentação diabólica da violência, do ódio e da inimizade” (Pe. Häring). Jesus é o protótipo da não-violência.
Em sua Paixão e Morte tão violentas, permanece no silêncio pacífico, sem
revolta, perdoando os inimigos: “Ele que, quando o insultavam não insultava, e
sofrendo não ameaçava” (1Pd 2,23). Seu
ensinamento sobre o amor chega ao amor ao inimigo: “Ouvistes o que foi dito:
olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao homem mau...
Amai vossos inimigos”. Assim seremos perfeitos como é perfeito o Pai do Céu que
faz chover sobre justos e injustos”. Jesus apresenta diversos modos de
responder à violência com a não-violência (Mt
5,38-48). O amor rejeita o recurso à violência. Os que fizeram a guerra,
perderam a paz. Violência não são só as guerras. Ela atinge as famílias, os
relacionamentos entre as pessoas, as instituições (quanta opressão!), o lar, as
escolas, o trabalho, o trânsito, os jogos etc... A resposta à violência não
pode ser a violência. O resultado seria o aumento do espiral de violência.
. 623. Construir a paz
A paz se
constrói com o coração e com as mãos. Os que lutaram pela paz optaram pela
não-violência, mas com persistência e firmeza diante dos obstáculos, mesmo a
custa da vida, como no caso de Luther King. Sonhou, bateu-se pelos direitos dos
negros e não praticou a violência. A maior liberdade do homem é ser livre em
suas idéias e dono de si, não se deixando dominar pelos sentimentos de ódio. A
não-violência é um caminho seguro para se conseguir a paz. Ela produz seu
fruto, mesmo que não o vejamos. Gandhi, Lincoln e L. King sonharam. Barak Obama,
presidente dos Estados Unidos, é o fruto de quem acreditou na não-violência. A
paz se constrói. Essa virtude ensina-nos também a respeitar culturas
diferentes, religiões diferentes, políticas diferentes. Ela é a garantia da
sobrevivência do mundo. O egoísmo é gerador de violência. Perdão e
reconciliação são as armas para gerar a paz. Os que promoveram a paz, na
justiça, na solidariedade, no desapego, no amor, marcaram o mundo. São
Francisco e Gandhi são um exemplo.
624. Esperança que move
Ninguém pode afogar a flor da paz. A pomba que Noé
soltou, trouxe o ramo de oliveira que se tornou símbolo da paz entre Deus e a
humanidade. Deus não quer mais prejudicar a terra. A esperança é uma âncora
jogada no futuro. Ela nos estimula a ter coragem de enfrentar a luta pela paz
sem precisar da guerra. Deus nos deu a garantia de que os que promovem a paz
serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). Tem o jeito do Pai que ama e constrói a paz. Não-violência
é prova do amor. Ou cremos em Jesus ou continuamos construindo um mundo sem
solução. A não-violência é o diploma que recebemos de nossa maturidade humana e
espiritual. É um amor conquistado.
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