Ser cristão é ser diferente. A humildade é uma das características do
seguidor de Jesus. É uma virtude de fama ruim. Nietzsche dizia que ela não é
virtude, mas uma nojenta escravidão. Confunde-se o humilde com ser “bobo”, “pobre de espírito” (não no sentido das bem-aventuranças). Humildade
é a rainha das virtudes, pois é o modo de o amor existir. Sem a humildade, as
demais virtudes se tornam vazias. Imaginemos a oração sem humildade! É a
virtude dos grandes homens e mulheres que marcaram o mundo. As pessoas sábias
são humildes. Sabem a verdade sobre si, sobre os outros e sobre o mundo. Santa
Tereza d’Ávila diz que a humildade é a verdade. Podemos dizer que é a aceitação
de todos sem impor restrições. Não basta ser inteligente; é preciso ser sábio.
A humildade liberta e não escraviza. É respeito e veneração para com a outra
pessoa. Partimos, como sempre, da Virtude que é um raio da divindade. Deus é
humildade. Tem todo o Ser e se manifesta como acolhimento de cada ser na sua
realidade. O relacionamento no seio da Trindade se faz na humildade do mútuo
acolhimento e da mútua entrega, por isso são três que são um: um só Deus em
três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. É essa a extrema humilhação: acolher
em totalidade a outra Pessoa divina. É acolhimento que é doação. Na Encarnação
do Filho de Deus, Jesus Cristo, Deus chegou ao aniquilamento (Kénosis) no qual
desapareceu a divindade e só se manifestou a humanidade assumida pelo Filho na
Encarnação. A vida do Filho foi vivida na humildade desde o primeiro momento
até a entrega na morte e sepultura. Era tido como homem, de uma raça, numa
situação histórica e geográfica próprias. Em seu ministério esteve com os
humildes, acolhendo-os. Este é o caminho que propõe: “Tomai sobre vós o meu
jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humildade de coração” (Mt 11,29). Em Jesus vemos a Sabedoria e a
Inteligência dominadas pela humildade. Assim é o discípulo.
Humildade nos faz grandes
Deus
se inclinou e acolheu. Não se fez dono, fez-se presença. Ao vir a nós, não nos
humilhou, mas aceitou nossa condição. Não se desfez do que é, Deus, mas se fez
humano como nós. Assim é a humildade: reconhecer a grandeza da pessoa do outro,
sem perder a sua. Jesus mostrou face do Pai: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Transmitindo a mensagem do Pai, Jesus
muda a concepção de grandeza: “Pois, qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve?
Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve” (Lc 22,27). O serviço humilde dá-nos autoridade
e grandeza. “Aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve,
e o que quiser ser o primeiro, seja o vosso servo” (Mt 20,26-27). A humildade desfaz
o orgulho, que é uma falsa segurança.
Atitudes
do amor
A
humildade mostra, até nas pequenas coisas, uma mudança de comportamento. Aprendemos
a respeitar as pessoas, promover e provocar a igualdade. Um senhor francês, de
Tietê, Bernard Fétizon, dizia a sua esposa Beatriz Fétizon, que achava muito
bonito os brasileiros chamarem até os mendigos de senhor e senhora, que são
títulos de nobreza (agora se diz tio. Pena!). A humildade na vida pública e
eclesial ensinará a respeitar o direito do pobre, do humilde, de toda pessoa,
com igualdade. As autoridades aprendam de Jesus que era manso e humilde de
coração e não apelem para poder antes do serviço. O que dá grandeza ao homem
não são os títulos e as roupas, mas pelo coração humilde. Humildade é a
ressurreição do ser humano.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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