PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O Senhor
ressuscitou verdadeiramente
O acontecimento pascal no qual Jesus
de Nazaré, como diz Pedro a Cornélio, ungido por Deus com o Espírito Santo e
com poder, andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos que estavam
dominados pelo demônio; porque Deus estava com Ele. E nós somos testemunhas de
tudo o que fez... Eles O mataram, pregando-O numa cruz, Mas Deus O Ressuscitou
no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se...a nós, que comemos e bebemos
com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At
10,38-41).
Os apóstolos anunciavam sua ressurreição e estiveram com Ele depois de sua
morte, não como um morto que volta (coisa que não ocorre), mas como um vivo com
o qual convivem como conviveram antes, pois diz, comemos e bebemos com Ele.
Esses apóstolos eram simples demais para poderem criar o mito da Ressurreição.
A Ressurreição foi constatada pelos chefes do povo e pelos soldados, mas o que
vale é a fé. Fé é um dom que Deus dá. Quem não tem o dom, não crê. Deus dá o
dom a todos que abrem o coração para a pessoa de Jesus. Dizendo que a Páscoa
vai além dos ovos de páscoa é uma denúncia do desvirtuamento do acontecimento
fundamental para a humanidade, para lucrar um pouco mais. A Ressurreição é um
acontecimento que foi constatado também pelos resultados na vida e na missão
dos apóstolos e de todos os que os seguiram. Infelizmente Páscoa não significa
tanto para nós. Alguns dizem feriados da Semana Santa. São feriados sim para
poder dar ao coração o direito de participar da grandeza que Deus deu à
humanidade: um Salvador, o Cristo Senhor, que manifestou a Vida Divina e abriu
à participação desta vida pelo acolhimento de sua Pessoa e sua Palavra. Os ovos
de páscoa são muito bons, mas já estão ficando caros e são fonte de exploração.
Não participam da Ressurreição.
Uma Páscoa de
renovação
A Páscoa da Ressurreição tem
atrás de si uma grande tradição de libertação. Desde tempos antiqüíssimos, o
sangue dos cordeirinhos era passado nos mourões dos currais do rebanho para
afastar os males. Os judeus passaram nos umbrais de suas portas, na noite da
matança dos primogênitos dos egípcios, para serem eles livres dessa desgraça. O
sangue de Cristo que banhou a cruz foi derramado sobre todo o universo,
promovendo a renovação total de todo mal. Cristo venceu a morte e abriu as
portas da eternidade. Não são só termos espirituais, mas penetram todas as
estruturas do mundo. Podemos ver como o mundo se renovou após a Ressurreição.
Se existem males é porque ainda não se assumiu o que Jesus nos ofereceu. Onde
existe maior respeito ao ser humano e ao mundo, ali está o fruto da Ressurreição.
O império romano se diluiu e os novos povos, durante séculos foram educados
para gestar os tempos modernos. A luz da Ressurreição chegará onde ainda há
barbárie.
Uma Páscoa de
esperança
Jesus
ressuscitado se manifestava aos discípulos tendo um corpo glorificado que não
tem matéria e não é só espírito. É o corpo na sua condição de ressuscitado.
Assim pode penetrar e transformar. Nada está fora do alcance de Jesus
Ressuscitado. Jesus não é um a mais nem está disputando espaço. Ele preenche
todas as coisas e tudo discerne (Hb
4,12-13). Temos condição de ter esperança e continuar
anunciando que Jesus está vivo e glorioso junto do Pai. A Ele foi dado todo
poder e glória. Nele o universo se recapitula, isto é, se dirige a Ele (Ef 1,10) a
plenitude que plenifica tudo em todos (Ef 1,23). Mesmo quando tudo está mal, podemos ter
certeza que em Cristo temos a solução. Por isso Ele vive.
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