O
Advento une a expectativa de Deus e do Homem. Deus oferece sempre novas
esperanças a seus filhos e estes se abrem a Deus na esperança de um mundo novo.
O profeta Isaías retrata essa ânsia da humanidade de ver-se livre de um
desencanto: “Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são
como um pano sujo; murchamos como as folhas, e nossas maldades empurram-nos
como vento” (Is 64,5). Por outro parece
que Deus permite a desgraça: “Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e
endureceste nossos corações para não termos o teu temor?” (Is 63,6b). Sentimos um silêncio de Deus:
“Escondestes de nós tua face e nos entregaste à mercê da nossa maldade” (Is 64,6). O silêncio de Deus é um mistério. Não
sabemos se nos dá tempo para assumirmos nosso papel ou se realmente nos prova
para que nos esvaziemos mais para acolhê-lo melhor. Até onde Deus permite ao
homem se destruir? O salmo retrata a súplica profunda por sua volta: “Iluminai
a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos. Despertai vosso
poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer a salvação” (Sl 79). Diz também o profeta: “Ah se rompesses
os céus e descesses! (Is 63,19b) Não
podemos imaginar que Deus nos trate como marionetes que devem ser controladas
em tudo. Ele não rege o mundo resolvendo todas as coisas, mas dá às pessoas o
arbítrio e a capacidade de escolher e realizar. Deus nos controla dando-nos
seus dons para que produzamos frutos. Mas é Ele, nosso pai, que nos molda o coração:
“Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra
de tuas mãos” (Is 64,7). O advento faz
refletir a situação controvertida do homem. Deus vem. Jesus é sua presença em
um berço de palha.
Deus
confia
Falar
de vigilância e expectativa é anunciar as maravilhas que Deus fez por nós. O
profeta continua: “Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém,
jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele
esperam” (Is 64,3). Deus não só realiza em
nós tantas coisas, mas confia no homem e lhe dá a administração de sua casa. Esta
administração significa que se tem o poder de realizar toda obra, aquilo que
faria o patrão. Vigiar sem relaxar o compromisso. A função do porteiro devia
ser muito importante no tempo, pois era ele quem controlava. Mas o mandamento
de vigiar é para todos: “O que vos digo, digo a todos: Vigiai!” (Mc 13,37). A vigilância é para estar presente
no tempo de Deus se manifestar. A comunidade sentia que se retardava a vinda.
Mas o Senhor vem sempre. Por isso é preciso estar vigilante.
Enriquecidos
em Tudo
O
povo sem Deus perde as forças. S. Paulo afirma que temos tudo: “Nele fostes
enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o
testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós” (1Cor
1,5). Ao que crê, nada falta na expectativa do dia
do Senhor. “Ele dará a perseverança em vosso procedimento irrepreensível...
Deus é fiel” (1Cor 1,8-9). A
vigilância se realizará através do uso e desenvolvimento dos dons. O vazio do
mundo se preenche pelo dom de Cristo no Natal. Em cada Eucaristia clamamos por
sua vinda: “Vinde, Senhor Jesus!”
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