quinta-feira, 7 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “O ardente desejo do Reino”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Um Deus permissivo ou silencioso
            O Advento une a expectativa de Deus e do Homem. Deus oferece sempre novas esperanças a seus filhos e estes se abrem a Deus na esperança de um mundo novo. O profeta Isaías retrata essa ânsia da humanidade de ver-se livre de um desencanto: “Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos como as folhas, e nossas maldades empurram-nos como vento” (Is 64,5). Por outro parece que Deus permite a desgraça: “Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações para não termos o teu temor?” (Is 63,6b). Sentimos um silêncio de Deus: “Escondestes de nós tua face e nos entregaste à mercê da nossa maldade” (Is 64,6). O silêncio de Deus é um mistério. Não sabemos se nos dá tempo para assumirmos nosso papel ou se realmente nos prova para que nos esvaziemos mais para acolhê-lo melhor. Até onde Deus permite ao homem se destruir? O salmo retrata a súplica profunda por sua volta: “Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos. Despertai vosso poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer a salvação” (Sl 79). Diz também o profeta: “Ah se rompesses os céus e descesses! (Is 63,19b) Não podemos imaginar que Deus nos trate como marionetes que devem ser controladas em tudo. Ele não rege o mundo resolvendo todas as coisas, mas dá às pessoas o arbítrio e a capacidade de escolher e realizar. Deus nos controla dando-nos seus dons para que produzamos frutos. Mas é Ele, nosso pai, que nos molda o coração: “Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos” (Is 64,7). O advento faz refletir a situação controvertida do homem. Deus vem. Jesus é sua presença em um berço de palha.
Deus confia
            Falar de vigilância e expectativa é anunciar as maravilhas que Deus fez por nós. O profeta continua: “Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam” (Is 64,3). Deus não só realiza em nós tantas coisas, mas confia no homem e lhe dá a administração de sua casa. Esta administração significa que se tem o poder de realizar toda obra, aquilo que faria o patrão. Vigiar sem relaxar o compromisso. A função do porteiro devia ser muito importante no tempo, pois era ele quem controlava. Mas o mandamento de vigiar é para todos: “O que vos digo, digo a todos: Vigiai!” (Mc 13,37). A vigilância é para estar presente no tempo de Deus se manifestar. A comunidade sentia que se retardava a vinda. Mas o Senhor vem sempre. Por isso é preciso estar vigilante.
Enriquecidos em Tudo
            O povo sem Deus perde as forças. S. Paulo afirma que temos tudo: “Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós” (1Cor 1,5). Ao que crê, nada falta na expectativa do dia do Senhor. “Ele dará a perseverança em vosso procedimento irrepreensível... Deus é fiel” (1Cor 1,8-9). A vigilância se realizará através do uso e desenvolvimento dos dons. O vazio do mundo se preenche pelo dom de Cristo no Natal. Em cada Eucaristia clamamos por sua vinda: “Vinde, Senhor Jesus!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário