sexta-feira, 15 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus se fez gente”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Promessas de Deus 
Natal é tempo das belezas de Deus. Em Deus tudo é beleza e mistério. Não que não seja compreensível, pois não seria Deus, e sim desconhecimento. Deus é acessível e se revelou e manifestou. Paulo escreve: “Agora este mistério é manifestado e, mediante as Escrituras proféticas” (Rm 16,26). Desde a criação do mundo Deus está em relacionamento com os homens e mulheres que habitaram o mundo. O povo de Israel iniciou este relacionamento com Deus, acolhendo as promessas e vivendo uma aliança. Abraão... Moisés... Davi. Este quis fazer uma casa para Deus, para acolhê-lo com mais dignidade do que numa tenda. Diz ao profeta Natã: “Vê: Eu resido num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda”! (2 Sm 7 1). O profeta fala em nome de Deus: “Suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza... Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre” (2Sm 7,11-12.16). Ao anunciar o nascimento de Jesus, o Anjo diz: “Eis que conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1,32-33). Deus faz as promessas e as torna efetivas na aliança que fez com os patriarcas, com o povo e as realiza em Jesus. Maria canta: “Conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência para sempre” (Lc 1,55). Deus cumpre. 
Deus entre nós 
O anúncio do Anjo é a confirmação da realização de todo o projeto de Deus de ser o Emanuel, Deus conosco (Mt 1,23; Is 7,14). João aprofunda este mistério e diz: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Carne designa o homem na sua condição de fraqueza e mortalidade. Deus se fez homem, nestas condições. Habitou entre nós. A palavra habitar no Antigo Testamento significa colocar sua tenda no meio das nossas. Viveu nossa condição, podendo ser tocado com as mãos, diferentemente da presença de Deus no Templo, invisível, temível. Agora não, pois “todos queriam tocá-lo, pois dele saia uma força que curava todos” (Lc 6,19). O texto da anunciação de Jesus é simples, acontecido na condição humana. Tamanha simplicidade não pode ficar só no belo folclore do Natal, aliás, já desfigurado por um Papai Noel e pela ausência de Jesus nos presépios do mundo. 
Para Deus nada é impossível 
Para mostrar que estava entre todos, escolheu os mais humildes, até os sem solução, como a Maria Virgem. O Anjo diz que, para Deus nada é impossível, pois fizera frutificar o ventre morto de Isabel. A Virgem concebe pela ação do Espírito, pois o Filho é de Deus. É possível a colaboração da pessoa humana na realização das promessas de Deus. É possível a presença de Deus no meio de nós. É possível a presença de Deus em cada pessoa. Deste modo está também a dizer que cada pessoa pode acolher esta revelação. Assim, preparando o Natal, contemplamos as misericórdias de Deus que se realizam também em cada Eucaristia, na qual se faz presente todo o Mistério Pascal de Cristo que compreende também a Encarnação. Para celebrar bem o Natal, é necessário refazer o caminho que fez Deus para vir ao mundo: Pôr a serviço com o coração simples e pobre.

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