sábado, 9 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Ao encontro de Cristo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Voz que clama do deserto
           Com João Batista, aparece o símbolo do Êxodo. Isaias anuncia um novo êxodo. O povo que fora levado cativo para a Babilônia no ano 586 A.C, recebe a libertação. O profeta anuncia que Deus vem consolar seu povo e o faz de modo solene e maravilhoso. Não será mais um deserto ameaçador, mas uma estrada nivelada, pois por ela passa a glória do Senhor (Is 40,1-11). O deserto é lugar de encontro com Deus. Por isso João está no deserto pregando um novo modo de preparar os caminhos do Senhor: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é voz daquele que grita no deserto: ‘Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas estradas. Foi assim que João Batista apareceu no deserto pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados’” (Mc 1,2-4). A libertação que João anuncia está em uma pessoa: Depois de mim virá alguém mais forte do que Eu... Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com a água e o Espírito Santo”. A Glória de Deus se manifesta em Cristo. Rezamos no salmo 84 que anuncia a paz e a salvação: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão”. João anuncia que Jesus é caminho de salvação. No deserto da vida temos também oportunidades de preparar os caminhos. Também nossa vida é caminho de salvação que tem desertos, montes a serem abaixados para se abrir o caminho para a vinda do Senhor. O Evangelho de conversão é atual. João abre a pregação a todos, mesmo se tivesse sido membro da fechada seita dos Essênios, abre a todos os caminhos da salvação. Celebramos no Advento a expectativa da dupla vinda do Senhor, no fim dos tempos e no Natal. Cabe a nós sacudir a despreocupação que temos quanto a essa vinda eminente.
Deus não tarda
            A vinda imediata de Cristo não se concretizou. Então os cristãos começaram a reclamar. O tempo de Deus não corresponde ao tempo humano. Não podemos julgar as coisas de Deus com nossas medidas. S. Pedro escreve: “Uma coisa não podeis desconhecer: para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2Pd 3,8). “E continua: “O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, achando que demora. Ele deseja que ninguém se perca. Ao contrário, quer que todos se convertam” (2Pd 3,9).). Por outro lado, nós perdemos a dimensão da vinda eminente do Senhor. Ela enriqueceria muito nossa vida cristã e lhe daria uma dinâmica de vida na caridade, caminhando ao encontro do Senhor. Por isso a Palavra de Deus insiste tanto na vigilância.
Viver na Esperança 
Viver na esperança não é somente um tempo concedido, pois, todo o tempo é tempo de espera. Pedro continua: “Nós esperamos, de acordo com sua promessa, novos céus e nova terra onde haverá a justiça” (2Pd 13). “É preciso julgar com sabedoria os bens terrenos e colocar nossas esperanças nos bens eternos” (Or. pós-comunhão). Esta dimensão de espera do futuro, dizemos, escatológica, deve fazer parte de nossa vida. A reunião da comunidade é sempre uma demonstração da esperança desta vinda, pois dizemos: “Vinde, Senhor Jesus!” (Aclamação à Consagração). A comunidade reunida é o sinal claro desta espera.

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