Evangelho segundo S. João 15,1-8.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o
agricultor. Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa
todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto. Vós já estais
limpos, por causa da palavra que vos anunciei. Permanecei em Mim e Eu
permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não
permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. Eu sou
a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá
muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanece em
Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos,
lançam-nos ao fogo e eles ardem. Se permanecerdes em Mim e as minhas
palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus
discípulos».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita,
mártir, co-padroeira da Europa
A mulher e o seu destino, colectânea de seis
conferências
«Eu sou a videira; vós sois os ramos»
No que diz respeito à Igreja, a concepção
mais acessível ao espírito humano é a de uma comunidade de crentes. Quem crê em
Jesus Cristo e no seu Evangelho e espera o cumprimento das suas promessas, quem
se encontra ligado a Ele por um sentimento de amor e obedece aos seus
mandamentos, deve estar unido a todos quantos partilham o mesmo espírito por uma
profunda comunhão espiritual e uma ligação de amor. Aqueles que seguiram o
Senhor durante a sua passagem pela Terra foram os primeiros sarmentos da
comunidade cristã; foram eles que a difundiram e que transmitiram em herança, na
sucessão dos tempos, até aos nossos dias, as riquezas da fé de onde retiravam a
respectiva coesão.
Mas até uma comunidade humana natural pode ser já
muito mais do que uma simples associação de indivíduos distintos; pode ser uma
estreita harmonia que vai a ponto de se tornar uma unidade orgânica; o mesmo se
aplica, ainda com maior verdade, à comunidade sobrenatural que é a Igreja. A
união da alma com Cristo é diferente da comunhão entre duas pessoas terrenas;
esta união, iniciada no baptismo e constantemente reforçada pelos outros
sacramentos, é uma integração e um arremesso de seiva, como nos diz o símbolo da
videira e dos ramos. Este acto de união com Cristo pressupõe uma aproximação
membro a membro entre todos os cristãos. Assim, a Igreja toma a figura do Corpo
Místico de Cristo. Esse corpo é um corpo vivo e o espírito que o anima é o
Espírito de Cristo que, partindo da cabeça, se comunica a todos os membros (Ef
5,23.30); o espírito que emana de Cristo é o Espírito Santo, e a Igreja é por
isso templo do Espírito Santo (Ef 2,21-22).
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