Evangelho segundo S. João 14,7-14.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me conhecêsseis, conheceríeis também
o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe:
«Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto
tempo estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes
tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está
em Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim próprio, mas é o Pai,
permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai
está em Mim. Acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade
vos digo: Quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras
ainda maiores, porque Eu vou para o Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome,
Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma
coisa em meu nome, Eu a farei».
Da Bíblia Sagrada - Edição
dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo
A Oração, 31
«Tudo quanto pedirdes em meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja
glorificado no Filho.»
Parece-me que quem se dispõe a orar deverá
recolher-se e procurar preparar-se, para conseguir estar mais atento e
concentrado durante a oração. Deve também afastar do seu pensamento a ansiedade
e a perturbação, e esforçar-se por recordar a grandeza de Deus, de quem se
aproxima, considerando que será ímpio apresentar-se na sua presença sem a
necessária atenção, sem algum esforço, mas com uma espécie de ligeireza; deve,
enfim, rejeitar pensamentos excêntricos.
Ao começar a oração, devemos,
digamos assim, apresentar a alma antes das mãos, erguer a Deus o espírito antes
dos olhos, libertar o espírito da terra antes de o elevarmos para o oferecer ao
Senhor do universo, enfim, depor quaisquer ressentimentos por ofensas que
creiamos ter sofrido, se de facto desejamos que Deus esqueça o mal que cometemos
contra Ele, contra os nossos semelhantes, ou contra a boa razão.
Dado
que podem ser muitas as atitudes do corpo, o gesto de erguer as mãos e os olhos
aos céus deve claramente ser preferido a todos os outros, para assim exprimirmos
no corpo a imagem das disposições da alma durante a oração [...], mas as
circunstâncias podem por vezes levar-nos a rezar sentados [...] ou mesmo
deitados [...]. Por seu turno, a oração de joelhos torna-se necessária sempre
que acusamos os nossos pecados diante de Deus, e Lhe suplicamos que deles nos
cure e nos absolva. Essa atitude é o símbolo da humilhação e da submissão de que
fala Paulo, quando escreve: «É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai,
do qual recebe o nome toda a paternidade nos céus e na terra» (Ef 3,14-15).
Trata-se da genuflexão espiritual, assim chamada porque todas as criaturas
adoram a Deus no nome de Jesus a Ele se submetem humildemente. O apóstolo Paulo
parece fazer uma alusão a isso quando diz: «Para que, ao nome de Jesus, se
dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da
terra» (Fil 2,10).
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