Jesus recebe mais um ataque dos
fariseus, antes de enfrentar a Paixão. Reúnem-se, fariseus e herodianos, grupos
de posição política bem contrária. Fariseus são contra a ocupação romana; os
herodianos seguem Herodes Antipas que, interessado em poder, agrada os romanos.
Os dois grupos se unem e mandam seus seguidores para armar uma cilada a Jesus.
O que dissesse seria condenado pelo povo ou pelos romanos que deixavam o povo
em uma situação dramática de opressão. É um dilema. O que dissesse seria motivo de condenação.
Eles mesmos reconhecem Jesus como um homem verdadeiro, que ensina o caminho de
Deus e não se deixa influenciar. Perguntam: “É lícito ou não pagar o imposto ao
Imperador, César?”. Jesus pede uma moeda do tributo. “De quem é a imagem e a
inscrição?” Pergunta. “De César!” respondem. A resposta descompõe os
interlocutores: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!”
(Mt 22,16-17). A questão está no núcleo do
problema político. Jesus sai do dilema e coloca aquilo que disseram que Ele
fazia: “Ensinas o caminho de Deus” (Mt 22,20).
Esta resposta de Jesus facilitou a interpretação que levava a dividir o mundo
em duas realidades: uma política e outra religiosa, que não devem se misturar.
Uma coisa é o civil e político e outra o religioso. Confinava-se a religião na
sacristia. É cômodo, pois a fé não dá aquela indicação de Jesus: ‘Devolvam a
César o que é dele, e dêem a Deus o que é de Deus, isto é o senhorio sobre
todas as coisas, César inclusive. Deve-se primeiro servir a Deus. Os judeus
detestavam a moeda do tributo, pois tinha a imagem do imperador, o que era
ofensivo a Deus. Dar a Deus o que é de Deus é fazer do homem imagem de Deus,
através do acolhimento de seu senhorio de Pai. A inscrição que deve haver é a
invocação do nome de Deus. Jesus não se envolve na questão, mas ensina o
caminho de Deus.
Deus
dirige os caminhos dos homens
O
povo passara por grande sofrimento indo para o Exílio. Mas Deus não se esquece
de suas promessas. Ciro, um rei vindo de longe, toma o poder na Babilônia e,
num gesto político, manda de volta os povos deportados com o edito do ano 530.
Assim tem a benevolência deles e diminui os inimigos. Manda os judeus de volta
com recursos para a reconstrução da cidade e do templo. O profeta vê, nesta
atitude a mão de Deus que conduz os caminhos da História. Vemos nessa figura o
que significa dar a César o que é de César. O rei assume um papel importante,
mesmo sem saber, realiza os desígnios de Deus. Deus dirige os caminhos da História
através de homens e mulheres que foram capazes de ajudar no crescimento dos
povos. Mesmo não sabendo, foram instrumentos de Deus.
Além
das forças humanas
Indo
além da questão apresentada no texto de Mateus (Mt
22,15-21), compreendemos, com S.Paulo que há uma força
superior que vai além de nossas condições: “Nosso Evangelho não chegou até vós
somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito
Santo; e isso, com toda a abundância” (1Ts
15b). A renovação do mundo não depende somente dos
condicionamentos humanos, mas também da força de Deus que supera nossa
compreensão. O grande milagre que Deus faz à humanidade é dar condições para
que ela possa, por si mesma, andar adiante com a força do Espírito. Pois o
Reino é de Deus e sua alma é o Espírito Santo. A presença do Espírito, na
celebração, é a oportunidade de repensarmos nossas atitudes de acolhimento da
força de Deus.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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