No dia 9 de novembro temos uma celebração diferente. É festa da Dedicação da Basílica de S. João de Latrão. Trata-se da primeira igreja construída em Roma, dizemos a primeira de toda a Igreja, pois é chamada “Mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo”. É a catedral do Papa. Qual é o sentido de celebrar uma igreja? Não celebramos a igreja, mas a Igreja que aí se reúne, a comunidade. É a inauguração da vida da comunidade. Sendo de Roma, tem um sentido mais amplo, todo o povo de Deus. Como celebrar festa de um “templo”, quando Jesus diz que devemos prestar culto em espírito e verdade? (Jo 4,23). Cristo é o novo templo no qual adoramos o Pai. Ele é o altar de onde sai o rio de Água Viva como narra João (Ap 22 1-2). De Ezequiel (Ez 47,1-12) tomamos a imagem do rio que nascia da parte subterrânea do templo cujas águas se avolumam sempre mais e, quando entram no Mar Morto (onde não há vida), purifica suas águas dando possibilidade de animais e peixes em abundância. É fecundo, pois em suas margens crescem árvores frutíferas que são alimento e remédio. A simbologia do templo de pedra lembra que de Cristo, na comunidade reunida, recebemos vida, cura dos males espirituais e corporais. Indica igualmente a missão da comunidade: dar vida ao mundo. Jesus anunciou que destruiria o templo e em três dias o reergueria (Jo 2,19). “Ele falava do templo de seu corpo” (Jo 2,21). Cristo abre o novo templo e cada cristão é “templo do Espírito Santo” (1Cor 6,19).
Povo, templo de Deus
Por que celebrar esta festa? Na realidade celebramos toda a comunidade da Igreja que tem nesta Basílica um símbolo importante. Não celebramos pedras, mas povo de Deus. A pedra e o tijolo são sinais da comunidade reunida, como nos escreve S. Pedro: “Como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual” (1Pd 2,5). A oração da coleta reza: “Ó Deus que chamastes a Igreja vosso povo, concedei aos que se reúnem em vosso nome temer-vos, amar-vos e seguir-vos...” (oração da missa). Deus é quem constrói este povo. S. Paulo escreve: “Sois construção de Deus... cada uma veja como está construindo. Ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que está aí já colocado: Jesus Cristo... O santuário de Deus é santo e vós sois esse santuário” (1Cor 3,9-11.17). A diferença de todos os outros templos é o fato de cada um fundar-se em Cristo. Somos edificados em Cristo.
Purificando o templo
Jesus entrou no templo e fez uma purificação significativa. Era lugar de comércio, exploração e roubo. Vamos nos voltar para o momento atual e pensar o que Jesus faria em nossas igrejas, no templo que é o povo de Deus e no templo do Espírito que é cada um de nós. Não precisamos ir longe, basta ver o que criticava no templo do qual zelava tão bem. Criticava a exterioridade, a exploração do sentimento do povo, a religião sem justiça e amor, o uso do templo para fins estranhos como a vaidade, o orgulho e o comércio explorador. Não aceitava na religião o comércio da fé. Não aceitava também a humilhação dos pobres, templos de Deus, considerando feito a Ele, o que se fizesse ao um pequenino (Mt 25,40). O mandamento do amor é a chave de todo o respeito ao templo de pedra, do povo e de cada um. Esta festa convida-nos a nos voltarmos ao Cristo, novo templo.
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