PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Abristes
as portas da eternidade
No
terceiro dia do Tríduo Pascal (Sexta, Sábado e Domingo), a Igreja continua o Aleluia feliz que
proclamou na Vigília. Se Jesus não tivesse ressuscitado, vazia seria a pregação
e vã seria nossa fé (1Cor
15,14), pois acabaria numa sepultura a misericordiosa encarnação de
Jesus e sem definição de nosso futuro. Com sua Ressurreição está definitivamente
implantado o reinado de Deus sobre o universo, está restaurada a condição
humana e estão abertas as portas do Paraíso fechadas pelo pecado. Deus não
fechou o Céu, foi o homem e a mulhers culpados por uma desgraça que passou a
todos. Mais que o mal, o fulgor da Ressurreição invade todo o Universo. Chega à
meta o grande desígnio de levar todos a entrarem em comunhão com a Trindade.
Quando Jesus morreu, rasgou-se o véu do templo (Mt 27,51). Este véu separava o lugar onde
estava a presença de Deus. Só o sumo sacerdote poderia ali entrar, uma vez por
ano (Hb 9,7).
Agora está aberto a todos. Essa passagem é o coração aberto de Jesus pela lança
de onde surge a grande torrente de sangue e água que inundam o mundo. “Abriram-se
as portas da Eternidade”, como rezamos na oração da missa. A oração continua
convocando “a ressuscitar na luz da vida nova”. Certamente para muita gente
essas palavras não significam nada, pois ainda não ousaram beber das fontes de
águas vivas que vêm do coração de Jesus. Os discípulos, como Pedro, guardaram
de Jesus a lembrança de que passou por
toda parte fazendo o bem (At
10,38). Quando começamos fazer o bem participamos da vida eterna. É
preciso conhecer a própria condição de pecado e a certeza que Ele tira o pecado
do mundo, pois, destruindo a morte e, ressurgindo deu-nos a vida (Prefácio).
João
viu e creu
Relatando
o dia da Ressurreição, João nos mostra uma realidade do ambiente, dando a
perceber a surpresa e a incredulidade dos discípulos. Maria Madalena, sofrendo
a perda de seu grande amigo, vai ao túmulo vazio. Corre para contar aos
discípulos que correm ao túmulo. João, mais novo, chega mais depressa. Não
entra. Vem Pedro entra e vê. João entra e crê. “Ainda não tinham compreendido
as Escrituras, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,1,9). Para
entender o mistério da Ressurreição é preciso o Espírito “que ungiu Jesus com
poder” (At 10,38).
Estamos chegando da grande preparação da Quaresma. Ela, por ação de Deus, nos
purificou e nos alimentou com a Palavra. Podemos ser como João que viu e creu.
Pedro nos faz lembrar que podemos ver sem entender. É preciso crescer.
Ressuscitemos
para uma vida nova
A Ressurreição em nossa vida é um
dom e um questionamento. Deus nos ressuscitou em Cristo e nós vivemos a ressurreição
nas obras com o mesmo amor com que Cristo assumiu sua vida. Vivemos como
ressuscitados? Não se trata de um
sentimento, mas de uma atitude. Viver ressuscitado é buscar a vida do alto (Cl 3,1). Quanto mais
buscamos a coisas do alto, mais nos preocupamos com o amor que deve penetrar
todas as atividades, pois amar a Deus e ao próximo são um só mandamento (Lc 10,26-27).
Ressuscitar com Cristo não nos tira da realidade. Por isso, os sacramentos
sempre são o sustento e o estímulo. Na celebração da comunidade temos a força e
o caminho. A Eucaristia é o sacrifício pelo qual a Igreja renasce e se alimenta
(Oração sobre
oferendas). Renovados pelos sacramentos pascais, cheguemos à luz da
ressurreição (Pós
Comunhão).
Leituras: Atos 10,34ª.37-43;Salmo
117;Colossenses 3,1-4; João 20,1-9
1.
Sem a
Ressurreição seria vã nossa fé. Por ela Jesus nos abriu as portas da
Eternidade. O reinado de Deus é implantado em todo o Universo.
2.
Para entender a Ressurreição não basta ver, é preciso crer.
O Espírito que ungiu Jesus com poder. Na celebração da Quaresma fomos
purificados e alimentados pela Palavra. Podemos ver e crer.
3. A
Ressurreição é um dom e um questionamento. Deus nos ressuscitou em Cristo e
vivemos a ressurreição nas obras com o mesmo amor com que Cristo assumiu sua
vida por todos.
Dobrando
os panos
Jesus ressuscitou. Quando os
discípulos foram ao túmulo encontraram os panos dobrados. Há muitos sentidos
para esse gesto. Na verdade podemos dizer que não voltará mais para o túmulo e
começou uma vida nova.
Com sua Ressurreição abriram-se as
portas da Eternidade. Não foi um momento imaginário, historinhas contadas para
encantar. João conta como aconteceu: Madalena foi ao túmulo e viu que estava
aberto sem o corpo. Achou que tinham levado o corpo. Pedro e João correm ao
túmulo e confirmam. Pedro entrou e viu os panos dobrados. João entrou no túmulo
e acreditou. Não basta ver, é preciso crer.
Pedro fala firme: “Nós que bebemos
e comemos com Ele depois que ressuscitou dos mortos”. Morto não se alimenta.
A Ressurreição não é um fato que
se refere só a Jesus. Mas a todo o Universo. Nós que cremos, ressuscitamos co
Ele. Paulo lembra: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as
coisas do alto onde Cristo está à direita de Deus” (Col 3,1-2). Com a Ressurreição temos
garantido o Céu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário