PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
A
força do Reino
Jesus
contou parábolas usando a semente como explicação. Ouvimos, no domingo passado,
a parábola do semeador. Agora Jesus toma a semente da mostarda para explicar a
verdade do Reino. Podemos ajudar Jesus e oferecer a semente do eucalipto, que é
pequeníssima, mas produz uma árvore imensa. Jesus quer explicar que a força de
crescimento do Reino é como a força presente em uma sementinha. Por menor que
seja, pode produzir uma árvore gigantesca. Toda a vida da árvore está ali. Usa
também a comparação do Reino com o fermento que tem em si a força de crescer a
massa. No começo, tudo é pequenino, mas cresce. O modo de pensar humano não é o
mesmo de Deus. Podemos dizer: “Isso não dará em nada”. Deus põe no Reino sua
vida e força. Jesus começa sua pregação anunciando a proximidade do Reino de
Deus. Depois o anuncia presente e o identifica consigo mesmo. Com esta
parábola, Mateus está a estimular sua comunidade a não ter medo de ser frágil,
pequena, sem expressão. A força da comunidade não está em sua aparência, mas, na
força interna que possui que é o dinamismo do Reino de Deus, força que ninguém
pode segurar. Por menores que sejamos, temos a força do Reino. O crescimento do
Reino sempre é lento, pois as árvores de cerne não crescem depressa. O Reino
não tem pressa. Vivemos tempos em que ficamos desanimados pela nossa
fragilidade e pequenez diante do mundo. A força do Mal é passageira. Muitos
dizem que a Igreja está decaindo. De certa forma sim, naquilo que é
desnecessário ou mutável, mas não na força interna que possui e que vencerá: “E
as portas do inferno não darão conta dela” (Mt
16,18). E também: “Tende coragem: Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
Aprendendo
de Deus
Jesus conta outra parábola, agora,
sobre a semeadura. Um homem semeou boa semente e apareceu a má semente, o joio.
Os empregados querem arrancar. Não, diz o senhor, pois pode arrancar o trigo.
Vamos deixar crescerem juntos e, na hora da colheita, o joio vai para o fogo e
o trigo para o celeiro. Vejamos a explicação: A plantação corre o risco de ser
invadida pela erva do Maligno. Os filhos do Reino devem saber conviver com o
mal. Há uma esperança de os filhos do mal se converterem. Isso diz o Livro da
Sabedoria: “Teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente...
Dominando tua própria força, julgas com clemência e governas com grande
consideração. Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser
humano” (Sb16.18-19) . Mesmo dentro de nós
há uma luta entre qualidades e defeitos. Não podemos nos arrebentar, mas, ter
misericórdia conosco, e ir superando. Vivemos em comunidades com pessoas
“difíceis”. A receita é a mesma. Esperar que a graça possa mudá-las. Mas é
preciso pensar no fim.
O
Espírito intercede por nós
O
Reino é obra de Deus. O Espírito Santo é a vida desse Reino. Sua missão é de
santificar, isto é, colocar-nos em contato permanente com Deus. Ele é a oração.
Nós participamos dela. Os gemidos inefáveis são a linguagem da Trindade. Esta
linguagem, nós não a temos. Como vivemos a vida de Deus, é o Espírito que
continuamente nos une a Deus. Não se trata de linguagem especial. O especial é
ser linguagem de Deus que o Espírito fala. À medida em que nos abrimos ao
Espírito, melhor participamos desta sua oração. No cultivo das sementes do
Reino em nós, a chuva que as faz germinar é a oração. Na Eucaristia usamos
nossa linguagem para falar pelo Espírito.
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