terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Saiu o semeador a semear”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Os mistérios do coração
            Iniciamos a leitura do “discurso das parábolas do Reino”, capítulo 13 de Mateus, pela parábola do semeador. Ela tem o ciciar da semente ao ser semeada. Ao explicar o Reino, usa de parábolas com símbolos tão próximos às pessoas. No anúncio do Reino surge a questão da incompreensão. O endurecimento do coração causará perda das sementes do Reino.  Jesus, citando Isaias (6,3-10), dá o motivo da diversidade de resultados dessa semeadura: “É por isso que falo em parábolas, porque vêem sem ver, e ouvem sem ouvir nem entender” (Mt 13,13). O ensinamento é acessível, se a pessoa tiver ouvidos.  O fechamento à graça resulta no mau resultado da semeadura. O coração do homem é sempre um mistério. Jesus descreve o coração do homem diante da Palavra de Deus. Pode bloquear, pois tem a liberdade de corresponder. Jesus é o semeador. O coração das pessoas é o campo onde é semeada a semente. O modo de semear do povo era simples: lançavam a semente e depois revolviam a terra. São quatro tipos de coração, quatro situações, onde a semente é lançada: terra inculta é junto ao caminho por onde as pessoas passam. Ouvem e não compreendem. O maligno rouba o que foi semeado no coração. As sementes que caem no terreno pedregoso são os que acolhem, mas elas não têm raiz. Quando vem a dificuldades, abandonam. As que caíram entre os espinhos são os que ouvem, mas vivem afadigados com o mundo. Não dão fruto. As que caíram em terra boa são aqueles que ouvem a Palavra e a compreendem. Essas dão fruto, uns 30, outros 60, outros 100, isto é produzem fruto em plenitude. A pergunta que fazemos: que tipo de terra somos? Somos convidados e não fechar os ouvidos nem endurecer o coração.
A criação espera a redenção
            A leitura da Carta Romanos não está ligada diretamente a esta temática da semeadura do Reino, mas diz dos resultados da implantação do Reino. O futuro é garantido para quem acolhe a Palavra, mesmo em meio aos sofrimentos. Quem os suporta sabe que “os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados à glória que deve ser revelada em nós” (Rm 8,18). As sementes, mesmo em terra difícil, podem germinar e produzir frutos, como Jesus que sofreu. O resultado do acolhimento tem uma ressonância universal, pois “toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade... e espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,20-21). O Reino acolhido redime o Universo. A redenção da criação devolve-lhe o direito de existir a serviço do homem para a glória de Deus, conservando sua integridade. O homem serve a criação respeitando e promovendo sua missão. Pois tudo canta de alegria!”(Sl 64).
A força da Palavra
            A primeira leitura faz espelho ao Evangelho mostrando a força criadora e realizadora da Palavra de Deus. O profeta Isaias a compara à chuva que cai do céu, e não volta sem realizar sua função. A Palavra vai além de nossos projetos, pois ela é um desígnio de Deus de dar vida. A Palavra não depende de nosso querer humano. Ela tem uma força interior que provém do próprio Deus, pois sai de sua boca, isto é, dele mesmo. A liturgia é lugar de ouvir a Palavra. Por isso toda a celebração produz o efeito para o qual Deus a destinou. Somos terras difíceis, mas Deus é um bom agricultor. Não lemos um texto na missa, proclamamos a presença da salvação.

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