Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.45-46.
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi
outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma
sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns
vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou
os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros,
porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro e a outro
apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os
primeiros, e eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim mandou-lhes o seu
próprio filho, pensando: ‘Irão respeitar o meu filho’. Mas os vinhateiros,
ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo e
ficaremos com a sua herança’. Agarraram-no, levaram-no para fora da vinha e
mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará
matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que
lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na
Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; tudo
isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo:
Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos». Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
compreenderam que falava deles e queriam prendê-l’O; mas tiveram medo do
povo, que O considerava profeta.
Da Bíblia Sagrada - Edição
dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São Lucas 9, 29-30 (trad. Véricel,
L'Evangile commenté, p. 290 rev. ; cf SC 52, p. 150)
A vinha é o nosso símbolo, porque o povo de
Deus eleva-se acima da terra enraizado na cepa da vinha eterna (Jo 15, 5). Fruto
de um solo ingrato, a vinha pode desenvolver-se e florescer, ou revestir-se de
verdura, ou assemelhar-se ao jugo amável da cruz, quando cresce e os seus braços
estendidos são os sarmentos de uma videira fecunda. [...] É, pois, com razão que
chamamos vinha ao povo de Cristo, quer porque ele traça na testa o sinal da cruz
(Ez 9, 4), quer porque os frutos da vinha são recolhidos na última estação do
ano, quer porque, tal como acontece aos ramos da videira, pobres e ricos,
humildes e poderosos, servos e senhores, todos são, na Igreja, de uma igualdade
completa. [...]
Quando é ligada, a vinha endireita-se; se é podada, não
é para a diminuir, mas para fazê-la crescer. E o mesmo se passa com o povo
santo: quando é preso, liberta-se; quando é humilhado, eleva-se; quando é
cortado, é uma coroa que lhe é dada. Melhor ainda: tal como o rebento que é
retirado de uma árvore velha e enxertado noutra raiz, assim também este povo
santo [...] se desenvolve quando é alimentado na árvore da cruz [...]. E o
Espírito Santo, como que expandindo-Se nos sulcos de um terreno, derrama-Se
sobre o nosso corpo, lavando tudo o que é imundo e limpando-nos os membros, para
os dirigir para o céu.
O Vinhateiro tem por costume mondar esta vinha,
ligá-la e apará-la (Jo 15, 2). [...] Ora inunda de sol os segredos do nosso
corpo, ora os rega com a chuva. Ele gosta de mondar o terreno, para que os
espinheiros não perturbem os rebentos; e vela para que as folhas não façam
demasiada sombra [...], privando de luz as virtudes e impedindo os frutos de
amadurecer.
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