Evangelho segundo S. Lucas 16,19-31.
Naquele
tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de linho
fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre chamado Lázaro
jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava ele saciar-se com
os restos caídos da mesa do rico; mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão.
Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em
tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado. Então
ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que
molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado
nestas chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os
teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui
consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um
grande abismo, de modo que, se alguém quisesse passar daqui para junto de vós,
não poderia fazê-lo’. O rico exclamou: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes
Lázaro à minha casa paterna — pois tenho cinco irmãos, para que os previna,
a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe
Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’.Mas ele insistiu:
‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, também
não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997),
fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«Não há maior amor»
Cristo disse: «Tive fome e destes-Me de
comer» (Mt 25, 35). E não teve fome só de pão, mas também da estima acolhedora
que nos permite sentirmo-nos amados, reconhecidos, sermos alguém aos olhos de
outrem. Ele não foi desprovido só das suas vestes, mas também da dignidade e do
respeito humano, pela grande injustiça que é cometida com o pobre, que é
precisamente ser desprezado por ser pobre. Não só foi privado de um tecto, mas
também sofreu as privações por que passam os encarcerados, os rejeitados e os
escorraçados, aqueles que vagueiam pelo mundo sem ter ninguém que trate deles.
Ao desceres a rua, sem outro propósito senão esse, talvez atentes no
homem que está ali à esquina, e vás ao seu encontro. Talvez ele fique de pé
atrás, mas tu colocas-te na sua frente. Tens de irradiar a presença que trazes
dentro de ti com o amor e a atenção que dás ao homem a quem te diriges. E
porquê? Porque, para ti, Ele é Jesus. Sim, é Jesus, mas não pode receber-te em
sua casa — é por isso que tens de ser tu a dirigir-te a Ele. Ele está escondido
ali, naquela pessoa. Jesus, oculto no mais pequenino dos irmãos (Mt 25, 40),
cheio de fome de pão, mas também de amor, de reconhecimento, de ser tido como
alguém com valor.
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