Evangelho segundo S. Mateus 6,7-15.
Comentário do dia:
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo - Sermão 62
«Venha a nós o vosso reino»
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando orardes, não digais muitas
palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem
muito.Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais,
antes de vós Lho pedirdes. Orai assim: ‘Pai nosso, que estais nos Céus,
santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa
vontade assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’. Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também o vosso Pai celeste
vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não vos
perdoará as vossas faltas».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org Comentário do dia:
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo - Sermão 62
Se olharmos com atenção, espantar-nos-á ver
até que ponto o homem procura o seu bem pessoal em todas as coisas, à custa dos
outros homens, nas palavras, nas obras, nos dons, nos serviços. Tem sempre em
vista o seu bem pessoal: alegria, utilidade, glória, serviços a receber, sempre
alguma vantagem para si mesmo. Eis o que procuramos e perseguimos nas criaturas,
e mesmo no serviço a Deus. O homem vê apenas as coisas terrestres, à maneira da
mulher curvada de que nos fala o Evangelho, que permanecia inclinada para a
terra, incapaz de olhar as coisas do alto (Lc 13, 11). Nosso Senhor declara que
«não podeis servir a dois senhores, a Deus e às riquezas», e prossegue:
«procurai primeiro», quer dizer, antes de tudo e acima de tudo, «o Reino de Deus
e a sua justiça» (Mt 6, 24. 33).
Analisai, pois, as profundezas que em
vós se encontram, não procurando senão o Reino de Deus e a sua justiça – ou
seja, procurai apenas a Deus, que é o verdadeiro Reino, o reino que desejamos e
que todos os dias pedimos no Pai Nosso. O Pai Nosso é uma oração elevada e
poderosa; não sabeis o que pedis (Mc 10, 38); Deus é o seu próprio reino, o
reino de todas as criaturas racionais, o termo do seu movimento e das suas
inspirações. O Reino que pedimos é Deus, o próprio Deus, em toda a sua riqueza.
[…]
Quando o homem persevera nestas disposições, não procurando, não
querendo, não desejando senão a Deus, torna-se ele próprio o Reino de Deus, e
Deus reina nele. O trono do seu coração passa então a ser magnificamente ocupado
pelo Rei eterno, que nele manda e o governa; a sede deste Reino está no mais
íntimo do fundo da sua alma.
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