Judite Adelaide Vannini nasceu na Itália, no dia 7 de julho de 1859. Órfã de pai e mãe, Judite foi educada pelas Irmãs de Caridade até a idade de 21 anos.
A data da sua Primeira Comunhão, que esperou com amor indescritível, foi também o germe de uma decisão por muito tempo pensada com especial carinho: dar-se a Deus e a Ele consagrar sua pobre vida, desejo que cultivou e fez crescer imperiosamente.
O tempo amadureceu ainda mais a decisão de que seria Deus seu único e indivisível amor. Foi aos 20 anos de idade que pediu o ingresso no convento das Irmãs de Caridade. Em 2 de março de 1883, ingressou no noviciado de Siena. Mas, por razões de saúde, foi obrigada a voltar para Roma, para o antigo pensionato onde recebera o diploma de instrutora. Esta prova causou-lhe grande sofrimento. No silêncio, teve de aplicar-se aos trabalhos manuais (bordado) para ganhar seu pão.
Posteriormente, foi novamente aceita ao noviciado e enviada à comunidade de Montenero (Leghorn), onde permaneceu até 1886, em seguida a Bracciano até 1888, quando novamente teve de retornar ao pensionato. Era mais uma prova imposta pelo Senhor, que provava a pureza deste ouro no cadinho da humilhação. Os superiores definitivamente haviam decidido que não tinha vocação e por isto decidiram que retornasse aos afazeres do mundo.
Judite tinha então 29 anos. A boa superiora do pensionato encontrou alojamento para ela nos arredores da cidade, e percebendo a piedade e a disponibilidade de Josefina, explicou-lhe que aceitariam de boa vontade que permanecesse entre elas, mas este tipo de vida não era compatível com seu caráter de profunda espiritualidade. Além de todos estes contratempos, teve de lutar contra as intenções de seu irmão Augusto, que tentava dissuadi-la da ideia de sua eventual consagração à Deus e a aconselhava a permanecer entre eles para formarem uma só família.
Aos trinta e poucos anos confiou-se aos cuidados de sua tia e madrinha Ana Maria. A esta altura todas as suas aspirações pareciam ter caído por terra, mas o Senhor a predispunha para outros horizontes sem contudo poupá-la de muitos outros sacrifícios e renúncias. Os frutos destes dois anos em que ali permaneceu, imprimiu nela ainda mais a qualidade incontestável de seu caráter, o grande abandono em Deus e a mais perfeita obediência ao seu diretor espiritual.
Numa conversa privada que teve com o Padre Luís Tezza, Judite abriu a sua alma ao pregador. Falou de seus projetos, dos seus malogros, das suas aspirações. Enquanto o Padre Luís a ouvia pela primeira vez, descobria nela rara sabedoria e uma grande maturidade espiritual. E viu nela um belo instrumento a ser usado em uma fundação em amadurecimento. Havia chegado o momento em que Deus realizaria nela plenamente a Sua vontade.
O Padre Tezza não perdeu tempo: expondo-lhe os detalhes de uma fundação movida pelo espírito de São Camilo de Lellis, propôs que nela colaborasse. Judite pediu um tempo para dar uma resposta definitiva. Após refletir sobre a proposta diante de Deus, finalmente aceitou o encargo, colocando-se à inteira disposição do Padre Luís Tezza. Assim, na humildade e no silêncio, surge a nova fundação.
Obtendo permissão de seus superiores eclesiásticos, no dia 2 de fevereiro de 1892 (festa da Purificação de Nossa Senhora e aniversário da conversão de São Camilo de Lellis), Judite e duas companheiras foram empossadas em um pequeno apartamento na Rua Merulana, 141. Mantidas na solidão, no silêncio, oração e trabalho, santamente preparavam-se para receber o ingresso na Congregação Filhas de São Camilo. Foi na festa de São José, em 19 de março de 1892, que Judite tomou o nome definitivo de Irmã Maria Josefina, tornando-se superiora da pequena comunidade.
É fácil imaginar a suprema alegria do Padre Luís, das suas primeiras filhas e dos camilianos presentes. Uma nova congregação tinha nascido, limitada, extremamente pobre, mas com plena confiança depositada em Deus, na Santíssima Virgem, em São José, escolhido como protetor específico, sob a proteção paterna de São Camilo de Lellis.
Em 1909 a fundadora atingiu a idade de cinquenta anos. Exatamente neste ano Nosso Senhor concedeu a ela a alegria desejada por muito tempo: a aprovação eclesiástica do Instituto. O cardeal vigário, Pedro Respighi, por decreto firmado em 21 de junho de 1909, criava os piedosos asilos, junto à Congregação de Direito Diocesano e aprovava as suas constituições.
Madre Josefina Vannini, frágil desde a juventude, nunca teve boa saúde. Os sofrimentos da adolescência, as desilusões da juventude, o peso da fundação, a apreensão e o amor intenso e dedicado às suas religiosas, consumiram-na sobremaneira. Seu coração estava cansado e não batia mais regularmente.
Por ocasião de uma visita à uma comunidade, retornou extremamente esgotada e foi obrigada, pela grande fraqueza, a pôr-se de cama. Todos estavam conscientes de que a Madre tinha chegado a uma fase em que talvez não pudesse mais continuar nas suas funções de superiora. Ela mesma havia compreendido isto e com muita resignação facilmente aceitou os afetuosos cuidados de suas filhas.
Pouco tempo de vida restou-lhe depois disto. Ao final da jornada, um padre escreveu sobre ela: “Como ocorre em cada boa alma, nesta enfermidade terminal resplandecerá mais do que nunca as virtudes que a acompanharam durante sua vida religiosa. Piedade para com Deus, paciência nas suas dores, afeição para seus irmãos, docilidade aos confessores, mortificação para si mesma, gratidão em cada pequeno serviço, humildade nos sentimentos, espírito de fé e amor de Deus, eram coisas que a animavam eu diria quase continuamente”.
Estando próximo o fim, repetia aos padres que a assistiam frases de amor e de fé em Deus e na Virgem. À véspera de sua morte quis ver as suas filhas, dando-lhes as últimas instruções. Morreu serenamente na noite de 23 de fevereiro de 1911, aos cinquenta e dois anos, em Roma.
Em apenas 19 anos de trabalho, Madre Josefina Vannini conseguiu difundir o seu providencial instituto na Itália, na França, na Bélgica e na América do Sul. Hoje as Filhas de São Camilo trabalham em quatro continentes: Europa, Ásia, África, América.
A causa de canonização foi enviada ao tribunal do Vicariato de Roma em 1955. Em 16 de outubro de 1994 João Paulo II a proclamou Beata.
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