Jesus,
na Última Ceia, faz a “oração sacerdotal”. Nesse capitulo 17, João recolhe as palavras
de Jesus, como um testamento espiritual. Ali, o querido Mestre derrama seu
coração com ternura de amigo e de mestre amado. Jesus quis sintetizar toda sua
pregação em uma única palavra. Pouco antes havia dado o mandamento do amor. E,
para que esse mandamento chegasse a efeito disse: “Que todos sejam um, como Tu,
ó Pai, és em Mim e Eu sou em Ti.
E para que eles também estejam em Nós, a fim que o mundo
creia que Tu Me enviaste” (Jo 17,21). A
primeira comunidade dos fiéis segue esse mandamento de Jesus. Querem ser unidos
como Ele é unido ao Pai. Por isso, o primeiro testemunho que dão é o da
unidade. Esse texto dos Atos dos Apóstolos (2,42-47) foi sempre o modelo da
vida cristã. “Os que haviam se convertido eram perseverantes em ouvir os
ensinamentos dos apóstolos”(At 2,42). A
comunidade deve estar sempre atenta em ouvir a Palavra de Deus. Eles não tinham
o Novo Testamento. Buscavam nas Escrituras tudo o que se dizia de Jesus nos Salmos
e nos Profetas. Os apóstolos davam testemunho da vida que tiveram com Jesus.
Lembravam suas palavras, seus gestos, seus milagres. Como devia ser gostoso
ouví-los contar de Jesus. Dessas conversas saíram os Evangelhos. Quando nos
reunimos somos chamados a estar atentos à Palavra proclamada na assembléia. “É
Cristo que fala, quando se lêem as Escrituras na comunidade”, afirma o Concilio
Vaticano II. A comunidade não é só uma realidade social ou uma devoção. É o
Corpo de Cristo que continua na união dos fiéis. Essa escuta da Palavra deve
continuar no dia a dia. Não basta repetir textos da Bíblia. É preciso deixar
que penetrem a vida. Lido na comunidade, o texto se torna vivo e fecundo.
513. Unidos
na fração do pão
Os
cristãos se reuniam para partir o pão, isto é, celebrar a Eucaristia. Fração do
Pão foi o primeiro nome que a missa teve. Não havia um missal como agora, nem folhetos.
Certamente havia um esquema básico para esse momento, retirado da tradição
judaica. Mas o fundamental era repetir o gesto de Jesus que tomou o pão, deu
graças e o partiu e deu a seus discípulos dizendo: “Tomai e comei todos. Isto é
o meu corpo que é dado por vós”. Nem tanto repetiam as palavras como fazemos,
mas repetiam o gesto partindo o pão e distribuindo, depois de ter dado graças.
Essa ação de graças já fazia parte do modo de rezar dos judeus. Temos um
exemplo dos anos 90. Criou-se logo uma tradição. O Pai-Nosso era base. Não
celebravam a ceia como Jesus fizera, pois essa era a Ceia Pascal que se fazia
uma vez por ano. Mas ela orientou a criação da nossa liturgia. Tinham
consciência, tanto que Paulo explica que ele recebeu o modo de celebrar a
Eucaristia por tradição (1Cor 11,23). A Eucaristia
é fundamental para nossas vidas.
514. Unidos
na oração
Essa
comunidade rezava. Nesse tempo freqüentavam o templo e cumpriam os preceitos judaicos.
Rezavam os salmos. Os judeus eram um povo que sabia rezar. Isso pode nos animar
a ter sempre a comunidade como local da vida de oração. Não só na celebração
eucarística nós nos reunimos para rezar. A oração em comum tem uma promessa de
Jesus: “Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Por isso, a comunidade deve se
reunir para rezar em outras oportunidades, seja em família, seja entre
vizinhos, no quarteirão, nas comunidades. Sem oração, não existe comunidade
cristã. Fortaleça sua vida de comunidade com um grande espírito de oração
pessoal, onde quer que esteja. A
comunidade primitiva é um caminho muito claro para nossa espiritualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário