O
Senhor, Criador do Universo, não teve muita sorte com sua criatura
privilegiada. É certo que não podemos
ler os textos da Bíblia como se tivessem sido escritos esta semana. Esses
textos chegam a ter três mil anos e devem ser lidos com a mente de quem
escreveu e não de quem lê. Podemos interpretar mal. Quando lemos os fatos da criação,
entendemos que falam de nós, não está contando uma historinha. Esses textos
ensinam a origem do mundo feito por Deus e a origem também do mal, que não foi
criado por Deus. Deus tem um plano para a pessoa humana. Há algo muito mau que
desviou a pessoa humana desse projeto. Contamos que Adão e Eva, a criatura
humana, rebelou-se contra Deus. Essa onda de mal cresceu e atingiu a família.
Caim matou Abel. Nós somos Adão, Eva, Caim e Abel que continuamos essa trilha
de pecado. Quanta morte entre nós que somos irmãos! O mal pegou o pequeno
grupo. Lemos a história de Lamec que fere um jovem e mata um ancião (Gn 4,23) E
conta como vantagem. A violência se estabelece. Vem a seguir, o Dilúvio. Deus
se arrependeu de ter criado o homem. O mal invadira a sociedade. Depois do
Dilúvio, a humanidade se refaz e quer construir uma torre que iria até o céu
para dominar a Deus. Confunde-se sua linguagem. E não se entendem. Por isso se
espalham. Não falamos mais a mesma língua. O pecado vai gerando males. O que
vemos no início da criação era o que acontecia quando o escritor fez os textos,
e é o que acontece agora. O importante é saber o que acontece agora e sermos
iluminados pela Palavra. As cinzas do pecado se espalham como um veneno
mortífero e geram sempre maiores males. A Quaresma é tempo para examinar e
cortar a raiz do mal. Venceu o pecado de origem, implantou a fraternidade, o
amor universal, criando com um novo céu e uma nova terra.
Um
circo de males
Ouvimos
a narrativa das tentações de Jesus. Essas tentações o acompanham por toda a vida.
Ele, vivendo a condição humana, passou por tudo o que passamos, menos pelo
pecado. As tentações de Jesus são as nossas. As três resumem tudo o que possa
significar tentação, tendência ao mal. O demônio tenta Jesus com o pão que mata
a fome. Aí estão todas as tendências de posse que temos. Para nós o importante
é ter sempre mais. Gente tendo demais e muita gente não tendo nada. Jesus
indica a Palavra de Deus como primeiro alimento que sacia essa fome e dá
equilíbrio ao mundo. A outra tentação é a do poder. As pessoas (mesmo nas
Igrejas) fazem de tudo para ter o poder. A política torna-se um antro. Jesus
responde com a humildade: Não tentarás o Senhor teu Deus, isto é, não queiras
ser deus. A tentação do prazer é total. Para isso se justifica tudo. Não há
mais certo ou errado. Cada um é a lei. O que me agrada, eu o tenho como verdade.
Adorarás o Senhor teu Deus! Deus preenche totalmente todas as nossas
necessidades e nos garante muito mais.
A esperança tudo vence
Há momentos em que pensamos que não há mais solução. Parece, mas não é verdade, pois Jesus é maior que nosso coração e pode preencher todas as esperanças. Se cada um assume sua parte nessa luta contra as tendências do mal, venceremos como Jesus venceu. Basta querer. Jesus venceu o mal e a morte com sua morte e ressurreição. Não fará milagres, pois nós é que vamos fazer esse milagre de mudar a situação, desde que tenhamos consciência de estarmos sendo enganados e levados ao mal pelo egoísmo. Por isso ele morreu por amor, para que o amor se implantasse e convertesse todas as coisas em um novo céu e uma nova terra. Assim as cinzas do mal serão levadas.
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