domingo, 6 de dezembro de 2015

Homilia do 2º Domingo do Advento (06.12.15)“Verão a salvação de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Conversão remove montanhas
            Estamos ainda no clima da Vinda de Cristo no final dos tempos, como lemos no prefácio. Mas já rezamos também a vinda de Cristo para o anúncio do Reino. Assim nos preparamos para sua vinda na carne, no Natal: “Revestido de nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que vigilantes esperamos”. Para anunciar a Vinda Gloriosa temos João Batista, profeta-sacerdote. O texto é grandioso e coloca sua mensagem num tempo bem determinado da história. Está quase a dizer: esses não resolveram o mundo. Deus resolverá. João está no deserto, onde ouve a Palavra de Deus. É um homem fiel a Deus. Ali se mostra a fidelidade ao Senhor. Foi no deserto que Deus falou a seu povo. Ali mostrou sua fidelidade e cobrou fidelidade. Distante da cidade está longe das infidelidades que se praticam. João prega o batismo de conversão para o perdão dos pecados (Lc 3,3). Para ele, que significa pecado? Significa fechamento nos egoísmos que não abrem caminhos para Aquele Que Vem. Sua pregação mostra simbolicamente onde atuará a conversão: sua palavra gira em torno do caminho: endireitar as veredas, pois os caminhos tortuosos levam ao mal; abaixar as montanhas do orgulho e da prepotência e aterrar os vales das ausências da obediência a Deus. Assim todas as pessoas verão a salvação de Deus (6). Tudo para que chegue a salvação de Deus. Esta será cantada pelo ancião Simeão que tomou o Menino nos braços e disse: “Agora, Senhor, podeis deixar ir em paz o vosso servo porque meus olhos viram a salvação” (Lc 2,29-32). João prepara o caminho para que essa salvação chegue a todo Israel e, por meio dele, a todos os povos.
Maravilhas fez o Senhor
            O salmo nos mostra as maravilhas que Deus realizou na libertação do povo no cativeiro. Realizou e continuará realizando. Nas dificuldades podemos clamar: “Mudai, ó  Senhor, nossa sorte, como torrentes no deserto. Os que lançam a semente entre lágrimas, ceifarão com alegria” (Salmo 125). Em cada Eucaristia fazemos memória do Mistério Pascal de Cristo. Fazemos memória para que os mistérios de Cristo se realizem entre nós. Mas fazemos memória também a Deus como que lembrando a Ele para que renove novamente para nós as maravilhas que realizou a um tempo. “Lembrai-Vos das maravilhas que realizastes outrora”. Cada Eucaristia é uma ação de graças por tudo o que fez por nós. João é a expressão mais forte do Antigo Testamento que mostra o Deus que age por seu povo.
Deus leva à perfeição
            Deus nos conduz à perfeição por sua misericórdia e nos deixa à responsabilidade fazer opções coerentes. Contamos com a misericórdia de Deus para “que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro de vosso Filho” (Oração). “E aprendamos a julgar com sabedoria os valores terrenos e colocar nossas esperanças nos bens eternos” (Pós-Comunhão). Deus nos salva, mas quer que tenhamos coragem de abaixar as montanhas e encher os vales de nosso coração. João Batista é muito necessário para nos preparar para a vinda do Senhor. Paulo nos assegura: “Tenho certeza de que Aquele que começou em vós uma boa obra, há de levá-la à perfeição no dia de Cristo Jesus” (Fl 4,6).
Leituras: Baruc 5,1-9; Salmo 125; Filipenses 1,4-6.8-11; Lucas 3,1-6  
1.      Estamos no clima das três vindas de Cristo. João Batista, num clima de solenidade, anuncia a vinda gloriosa Daquele que Vem. Os grandes não resolveram, Deus resolverá. João está no deserto onde Deus é fiel. Esta longe das infidelidades. Prega
o batismo para a conversão. Vai ajeitar os caminhos. 
2.      O Salmo nos mostra que Deus realizou maravilhas e continua realizando. Fazemos memória na Eucaristia e pedimos que Deus renove as maravilhas de outrora. Fazemos ação de graças. 
3.      Deus nos conduz à perfeição por sua misericórdia e nos deixa a responsabilidade de sermos coerentes. Aprendamos a julgar os valores terrenos e colocar nossas esperanças nos bens eternos. Deus nos conduzirá à perfeição. 
              O homem que era arado             
              Quando morei na África, Ir. Paulo, religioso negro, contou-me que teve alguém da Igreja africana que o fazia a puxar arado junto com o animal. Triste pensar que isso aconteceu. Temos também  caso de um homem trator que arou as terras de Deus, preparando os caminhos para a vinda do Senhor.
              A narrativa do início da pregação de João Batista se reveste de solenidade.  Entre as personalidades do tempo está o João, o homem arado.
               João se coloca como sendo ele o citado na profecia de Isaias para preparar os caminhos para o Senhor. Clama no deserto, pregando a conversão dos pecados. Essa pregação é preparação para a vinda do Messias. Conversão é endireitar os caminhos, abaixar as montanhas do mal que amontoamos e nivelar os vales do mal que temos dentro de nós. Assim poderemos ver a salvação que vem de Deus.
              Hoje temos tantos meios para nivelar as montanhas, encher os vales, fazer as estradas por melhores lugares. São maravilhosas. Mas, o coração não encontra um trator capaz de nos ajeitar para a vinda de Deus. Por isso a conversão é necessária. Só ela que pode nos preparar para a vinda do Messias no Natal e no fim dos tempos.
            A conversão é o trator que Deus usa para prepararmos os caminhos do Senhor.

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