PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
460. Resplandeceu a verdadeira
luz
O
tempo de Natal é como uma árvore cheia de luzes e presentes. Tudo explode em luz. A oração da missa
reza: “Deus que fizestes resplandecer essa noite santa com a claridade da
verdadeira luz...” É tanta luz, que nos ofusca os olhos. Jesus mesmo afirma:
“Eu sou a luz do mundo, quem me vê não anda nas trevas, mas terá a luz da vida”
(Jo 8,12). Ele clareia tudo no mundo. Sob sua luz vemos com clareza o caminho
da verdade, do amor e da justiça. Nossas boas obras refulgem na beleza divina
desse Menino. As obras embaciadas se diluem diante de tal fulgor. Daquele
local, tão humilde, surge uma nova luz. Na escuridão que pode estar presente no
mundo, Deus acende um fósforo (Ele não lamenta a escuridão) que se torna uma
fogueira, um incêndio que projeta luz e calor. Não podemos reclamar do frio, da
escuridão, do desalento. A luz que guia os Magos não é uma estrela, um cometa
que passa de tempos em tempos. A Luz
é o Menino. Nós fazemos espelho a essa luz. Quando vivi em situação de falta de
energia na Angola, para aumentar a luz, colocava um espelho atrás da chama do
lampião e a luz duplicava. Crer no Filho de Deus, é fazer espelho de seu brilho.É
assim que faz para ser conhecido e amado. Deus nos deu a Luz de presente, nós a
difundimos. Somos um presépio vivo. Trocamos presentes.
461. Desceu do céu a verdadeira
paz
Existe algo mais belo e mais bonito do
que contemplar um presépio por humilde que seja? Meu Natal mais lindo eu o vi
lá no coração, também da Angola, no Kuito-Bié, no bairro do Kumbulukutu. Nem
era noite. A capela de adobe estava ainda por acabar, parte ainda na terra. Num
canto havia umas folhas de bananeira, a modo de fazer uma gruta, ou cabana. Havia
pouca coisa. Não me lembro se havia uma imagem do Menino. Pobreza e guerra eram
o binômio normal. Então, no final da missa que celebrei e cantei em gregoriano
com texto em umbundu (lingua local), chamei uma mãe com um menininho,
coloquei-a na cadeira do padre. Pedi desculpas por não ter um menino de gesso,
loiro de olhos azuis, mas um da gente do local. Beijei o pezinho dele e saí de
lado. O povo avançou. Literalmente! Ele, assustado, chorou e a mãe lhe deu o peito.
Ele mamava agarrado ao seio, e ao mesmo tempo olhava para os que vinham beijar
seu pé. Foi o Menino Jesus mais lindo de minha carreira! Era a esperança da paz
em um país guerra. Todos cantavam e dançavam dizendo: não podemos andar pelos
caminhos porque o capim cresceu, pois a guerra não deixa passar. A
espiritualidade do Natal passa pelos caminhos de Jesus que nasce em Belém. A serenidade do
presépio refulge como paz. Ele diz: “Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque Deus os terá como filhos” (Mt 5,9). A paz daquele momento invade quem faz
de sua vida um Natal. A encarnação é uma troca de presentes: Acolhemos a paz e
damos a paz.
462. Fizestes crescer a alegria
Lucas,
narrando os fatos do nascimento de Jesus, retrata a grande alegria daquele
momento. Os Anjos dizem aos pastores: “Eis que vos anuncio uma grande alegria
que será para vós e para todo o povo: Nasceu para vós um Salvador” (Lc
2,10-11). “De repente juntou-se ao anjo uma multidão a louvar a Deus” ... “Os
pastores voltaram, glorificando e louvando ao Deus por tudo o que tinham visto
e ouvido” (Lc 1,13.20). Os Magos “revendo a estrela alegram-se com uma alegria
muito grande” (Mt 2,13). Isaias diz: “Fizestes crescer a alegria e aumentastes
a felicidade” (Is 9,2). Trocar presentes é dar alegria e acolher alegria. Ele,
a Alegria de todos, seja a razão de nossa grande alegria! Ser santo é ser
alegre.
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