PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“Cristo, Rei do Universo”
Meu
Reino não é deste mundo
A
reforma litúrgica trouxe a festa de Cristo Rei, que era celebrada no final de
outubro, para o fim do ano litúrgico para mostrar que todas as coisas se
dirigem a Cristo (Ef 1,10).
Pio XI a instituiu no clima das grandes ditaduras do marxismo, fascismo,
nazismo e outras que passaram a dominar a terra depois da primeira guerra. A
leitura do evangelho de hoje nos põe diante da verdade sobre o Reino de Jesus: “O
meu Reino não é deste mundo”. Jesus não se iguala a outros reinos da terra. Não
seria bom nem usar para Ele o termo rei para não perder a grandiosidade e a
força do amor do Reino acessíveis a todos. Quando quiseram fazê-Lo rei depois
da multiplicação dos pães, afastou-Se deles porque seu Reino vai além de uma
padaria. Rezamos a identidade desse Reino: “reino eterno e universal: reino da
verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e
da paz” (Prefácio).
É o pão do Reino que em sua Pessoa se multiplica para todos os cantos da terra.
O Reino que era visível em Jesus, o Filho do Altíssimo, Senhor do Universo,
torna-se agora visível onde seu dinamismo transforma as realidades do mal em dons
de vida. Crer em Cristo é encontrar sua Verdade, encontrar seu Caminho e ter
sua Vida. Pilatos, ao apresentar Jesus flagelado, disse: “Eis o vosso Rei”.
Assim é seu Reino e assim o viveremos. Será coroado de espinhos e receberá o
manto de seu sangue. A Igreja anuncia esse Reino e procura realizá-lo em suas
estruturas. Ela corre o risco de se encarnar na história não como evangelho,
mas como uma ideologia religiosa que não compromete sua vida com o evangelho.
De vez em quando temos uns respiros de pureza do Reino quando o realizamos e é
realizado na estrutura visível da Igreja. Infelizmente, às vezes, deixamos
embaçada sua imagem deixada por Jesus, deixando de lado o Reino de Deus entre
os homens
Reinando
com Cristo
Reconhecendo a glória de Cristo, proclamando
sua divindade, não estamos escolhendo um modo de agir com prepotência e
orgulho. Jesus se tornou rei ao assumir a humildade e entregar-se à morte de
Cruz. Por isso Deus O exaltou (Fl 2,6ss). Assumir as atitudes de Cristo é ter sua mentalidade
de humildade e fragilidade. Reinar com Cristo é escolher o que Ele escolheu. O
modo de vida de Jesus é o modelo de vida de todos os cristãos. Para quem crê, seu
modo de viver não é uma opção, é um projeto de vida. É triste ver como cristãos
procuram Cristo como um pronto socorro para suas desgraças e logo o deixam de
lado. Ele deve ser a opção permanente tanto no modo de pensar, como no modo de
agir. É preciso ter seus sentimentos, sua mentalidade e suas atitudes. Só assim
poderemos dizer que vestimos a camisa do Reino.
Não
fugir do compromisso
A
fé exige compromisso de vida na justiça, na paz e no amor. É preciso sujar as
mãos pelos necessitados e se comprometer na defesa de seus direitos
fundamentais. É certo que os donos do mundo nos qualificaram de políticos.
Assim foi com Jesus. Ele dizia que o discípulo não é maior que o mestre (Mt 10,24). Se fizeram
isso com o lenho verde, o que não farão com o seco? (Lc 23,31), disse quando carregava a
cruz para o alto do Calvário. A Igreja vai ser sempre um rebanho pequeno
cercado de lobos ferozes. Mas, “se com Ele morremos, com Ele viveremos. Se com
Ele sofremos, com ele reinaremos” (2 Tm 2,11-12). Que possamos viver com Ele eternamente no Reino
dos Céus.
Leituras:Daniel 7,13-14;Salmo 92; Apocalipse
1,5-8; João 18,33b-37
1.
A festa de
Cristo Rei ensina que Ele é o fim de todas as coisas. Seu reino não é desse
mundo e não se iguala aos outros reinos. É um Reino universal, reino da
verdade, da vida, da santidade, da graça, da justiça do amor e da paz. O Reino
é visível em Jesus e onde Ele age. A Igreja anuncia o Reino e procura
realizá-lo em suas estruturas. Não é uma ideologia.
2.
Escolhendo o Reino de Cristo, escolhemos agir como
Cristo agiu, com sua mentalidade e seus sentimentos, escolher o que escolheu.
Cristo é o modelo para todos os cristãos. Deve ser a opção de nosso modo de
pensar e de agir.
3.
A fé exige compromisso de vida na justiça, na paz e no
amor. É preciso sujar as mãos pelos necessitados. O discípulo não é maior que o
mestre. A Igreja será sempre o pequeno rebanho cercado de lobos. Se com Ele
morremos, com Ele viveremos.
Uma
carta sem baralho.
O Ano Litúrgico se encerra com a
festa de Cristo Rei, pois, como caminhamos na história, sabemos que ela tem uma
direção. Esta é o Cristo Jesus para o qual se dirigem todas as coisas (Ef 1,10). Vamos,
juntamente com todo o universo caminhado em direção a Cristo. Cristo não é rei
nem do carnaval nem de baralho nem da Inglaterra. Ele é o Senhor que serve a
todos para que todos tenham um lugar no seu reino de justiça, amor e paz.
É rei porque nos ama e nos
libertou com seu sangue e fez de nós um reino de sacerdotes para seu Pai. (Ap 1,5-6). Pilatos
pediu-lhe a confirmação de sua realeza. Sou rei, mas não como você pensa. É rei
da verdade. Leva cada homem e mulher a serem inteiros e completos. A verdade do
homem é a verdade de seu ser. Por isso temos a integridade em Jesus. Quem é
verdadeiro se entende com Jesus e não precisa de um baralho para sua carta.
O Reino de Jesus não é dominação, mas dedicação e
serviço. Por isso Jesus está coroado na cruz. É sua coroa de glória; o sangue é
seu manto vermelho; sua liberdade sobre todas as coisas é estar preso na cruz
que é a expressão máxima de seu amor.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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