PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Ser
humano para ser santo
O
tema da santidade não faz sucesso entre as diversas platéias do mundo, mesmo na
Igreja. É assustador como se banalizou o dom da santidade que recebemos em
nosso batismo e é proposta pelo Evangelho. Nessa festa lembramos todos os
cidadãos dos Céus. Não se trata de remorso por ter esquecido algum, mas de
lembrar que a santidade é um dom que Deus dá a todos. Assim escreve S. João:
“Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos filhos de Deus! E o
somos!” (1Jo 3,1).
Todos são filhos de Deus, pois Ele é o Pai de todos. A imensa multidão que João
viu no Céu, além dos 144.000 assinalados, “vinha de todas as nações, tribos,
povos e línguas que ninguém podia contar” (Ap 7,9). Todos estavam vestidos de branco,
isto é, purificados, porque “lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do
Cordeiro”. Significa que Jesus é o Salvador de todos. Nossa parte nessa
purificação é a de “quem tem mãos puras e inocentes o coração, quem não dirige
sua mente para o crime” (Sl
23,4). Por isso temos a certeza que não é o “carimbo” religioso que
temos, mas o que está no coração e o que praticamos para com os outros, mesmo
fora de nossa Igreja. Ninguém foi designado por Deus para condenar ninguém ao
Inferno. O Juiz é Deus. Para ser santo é preciso viver o espírito das
bem-aventuranças. Ali encontramos a união do que é Divino e do que é humano. A
felicidade está no cuidado com os pobres, os que se despojam para que os outros
possam crescer. Depois temos a mansidão, a busca da justiça, a misericórdia.
Para correspondermos a essa caridade de Deus em nós procuremos ter um coração
puro, sem más intenções, construtores da paz, mesmo perseguidos por praticar a
justiça e sofredores por Cristo. Assim se fica santo.
Todos
chamados à Santidade.
Ninguém
se considera santo. É bom, pois ninguém chegará ao máximo, que pertence só a
Deus. Crescemos e cresceremos eternamente. Pensamos que o santo já nasce feito
ou a Igreja o faz depois de morto. Santidade é o caminho de todos. Os santos
canonizados são aqueles que oficialmente a Igreja reconhece, mediante o exame
de sua vida e o milagre que fazem por sua intercessão. São modelos e rezam por
nós. Vendo tantos exemplos de santidade e contemplando a imensa multidão, animemo-nos
a viver de acordo com o Evangelho, desenvolvendo as virtudes e os dons humanos
que Deus nos deu. Essa festa nos anime a buscar com esforço sempre mais
animado, fugir do mal, procurar viver no amor a Deus e ao próximo, na
comunidade, anunciando o Evangelho dentro de nossas possibilidades. Quem diz conhecer
Jesus e não O anuncia, é porque não O conhece.
Pastoral
da santidade
Há os que dizem que não precisam dos santos. “São
nossos irmãos... Contemplamos na vossa luz, tantos membros da Igreja que nos
dais como exemplo e intercessão” (prefácio). Somos Corpo de Cristo. Estamos unidos. A saúde de um
membro é benéfica para todo corpo. Quando um membro está doente, todo corpo se
volta para curá-lo. Assim os santos rezam por nós, como nós rezamos uns pelos
outros. É preciso estimular à santidade, evitar o mal e praticar a virtude,
sobretudo a caridade. É bom conhecer a vida dos santos, para nos estimularmos
pelos seus exemplos. Caridade, oração e participação da vida pastoral é
fundamental nesse caminho. Vejam como eles eram. Não podemos ficar num excesso
de culto aos santos, deixando de lado o Mistério de Cristo.
Leituras: Apocalipse
7,2-4.9-14;Salmo 23; 1 João 3,1-3; Mateus 5,1-12
1.
Santidade não é
preocupação. Celebramos hoje todos os cidadãos do Céu, vindos de toda raça e
nação. Santidade é dom de Deus, pois nos fez filhos. Todos foram salvos por
Cristo porque viveram as Bem-Aventuranças.
2.
Santidade pertence a Deus. Participamos de sua
santidade. Não há santo maior ou menor. Os canonizados são colocados como
modelos e intercessores. Sigamos seus exemplos, vivendo o evangelho e
desenvolvendo suas virtudes.
3.
Os santos rezam
por nós porque todos nós fazemos parte do Corpo de Cristo e nos ajudamos. A
saúde de um membro faz bem do corpo inteiro. Sua oração nos ajuda. É preciso
colocar a santidade como principal pastoral, pois é ela que sustenta as demais.
É preciso conhecer a vida dos santos.
Santo sem coroa
A celebração de Todos os Santos é uma festa de
família. Todos os que estão no Céu vão comer o bolo. Que beleza! Quem está no
Céu? Lá não é clube do bolinha onde entram somente aqueles que nós escolhemos.
Para lá vão todos os que Deus acolheu por sua bondade: os que procuram fazer o
bem, praticar a justiça, amar e se dedicarem aos outros. “Todos lavaram suas
vestes no sangue de Cristo, o Cordeiro”. O salmo canta: Os que têm puras as
mãos e inocente o coração e não dirigem a mente para o crime. Quem anda
julgando os outros, não fazendo caridade, pode ser que não encontre lugar para
si.
Jesus, prático como sempre, dá a receita dessa
santidade que deve se vivida aqui, para ser celebrada no Céu. É coisa fácil.
Até criança pode fazer: Desapego das coisas materiais e preocupar-se com o bem,
com mansidão e a bondade para com os outros, não ter má intenção, promover a
paz e aqueles que são perseguidos por crerem em Jesus.
Deus é o Santo e somos filhos queridos desse Pai
Santo. Então somos santos. Tal Pai, tal filho. O Pai quer que todos vão para
sua casa. Lá já estão nossos familiares, nossos amigos já falecidos e uma
imensa multidão de irmãos. Não precisa ser declarado santo para ser. Santo a
gente se faz em vida. Somos santos sem coroa. Mas podemos chegar lá também.
Hoje lembramos essa imensa multidão e nos animamos a
chegar lá. Lembramos que temos muitos familiares nossos que estão fazendo festa
no Céu.
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