Evangelho segundo S. Marcos 12,38-44.
Naquele
tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que
gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos
banquetes. Devoram as casas das viúvas, com pretexto de fazerem longas rezas.
Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro, a observar como a
multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias
avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um
quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta
pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu
tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Tomás de Celano (c. 1190-c. 1260), biógrafo de São Francisco e de Santa
Clara
«Vita prima» de São Francisco, §76
Dar tudo porque Cristo deu tudo
Francisco, pobrezinho e pai dos pobres, queria viver em tudo como pobre;
sofria quando encontrava alguém mais pobre que ele, não por vaidade mas por
causa da terna compaixão que os pobres suscitavam nele. Só queria ter uma
túnica de tecido grosseiro e muito comum; e ainda assim, acontecia-lhe bastas
vezes partilhá-la com algum infeliz. No entanto, era um pobre muito rico
pois, movido pela sua grande caridade a socorrer os pobres sempre que podia,
quando estava muito frio, ia ter com os ricos deste mundo e pedia-lhes que lhe
emprestassem um sobretudo ou um casaco. Traziam-lhos mais depressa do que a
pressa que ele se tinha dado em fazer o pedido. Ele então dizia: «Aceito com
a condição de não esperarem que vo-los devolva.» E, com o coração em
festa, Francisco oferecia o que acabava de receber ao primeiro pobre que
encontrava.
Nada lhe causava mais pena do que ver insultar um pobre ou que dissessem
mal de qualquer criatura. Um dia, um irmão deixou escapar umas palavras que
magoaram um pobre que pedia esmola: «Não serás por acaso um rico a fingir
de pobre?» Estas palavras caíram muito mal a Francisco, o pai dos pobres,
que infligiu ao delinquente uma terrível reprimenda e lhe ordenou que se
despojasse das suas vestes na presença do pobre e lhe beijasse os pés,
pedindo-lhe perdão. «Quem fala mal a um pobre», dizia, «injuria a Cristo,
de quem o pobre é o mais nobre símbolo neste mundo, uma vez que Cristo por
nós Se fez pobre neste mundo (cf 2Cor 8,9).»
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