PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR Vice-Postulador da Causa Venerável Padre Pelágio CSsR |
Certa vez, num Estado nordestino um latifundiário mandou matar um roceiro para tomar sua terra. A viúva foi queixar-se com o juiz de direito. Este acolheu a queixa da pobre mas pediu que apresentasse duas testemunhas do crime. Mas ninguém se aventurou. Como o lugar era pequeno, resolveu convocar todo o mundo. Atenderam à intimação, mas pareciam ter perdido a fala. E quem era interrogado individualmente, dizia que não viu. E se não viu, não podia dizer que viu. Meio impaciente, o juiz perguntou ainda:
- Tem alguém para ser ouvido?
- Doutor juiz, tem ainda o João Doido mas não precisa chamar, não.
Disse o juiz:
- Eu faço questão de ouvir também o João Doido. Chamem-no por favor.
Ele veio e o juiz formulou a pergunta:
- Você conhece o caso. Quem é o criminoso desse crime?
- Seu juiz, vou responder de outro modo para chegar lá. Peça para alguém trazer aqui um copo de leite, um copo de café preto e dois carvões.
O juiz estranhou para atender o pedido.
-Seria mais uma doidice do João?
Trouxeram tudo direitinho e puseram em cima da mesa do tribunal. O povo também estava curioso. João Doido falou:
- Seu juiz, vou colocar um carvão no copo de café preto e o outro no copo de leite, pronto. O que aconteceu? O leite pretejou e o café não mudou de cor.
E arrematando:
- O rico é o copo de café. Ele pode cometer os maiores crimes, nele nada pega. Sempre escapa. O pobre é o copo de leite. Nele tudo pega. Tudo mancha. É preso por qualquer coisinha.
Lição: A justiça não pode ter preferências. Se é para haver preferência, que seja para o pobre!
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