Jesus, no evangelho do 21º domingo, instrui seus discípulos sobre o
modo de gerir os bens materiais. A liturgia, interpretando o evangelho, apresenta-nos
o profeta Amós (8,4-7). Esse grande profeta, rude, mas profundamente inserido
em sua realidade, exerceu seu ministério no tempo do rei Jeroboão II (783-743 a .C.). Os problemas são
os mesmos em todos os tempos. Sua época é um tempo de prosperidade e ao mesmo
tempo de ganância e exploração do povo. Assim ele acusa os grandes: “Vós
maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra” (Am 8,4). E
o profeta recorda-lhes o que dizem: “Quando passará o sábado (feriado) para
darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos e adulterar
balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias,
e para pôr à venda até o refugo do trigo?” (5.6). A ganância leva à exploração
do povo, sobretudo à opressão dos pobres. Por conta dessa opressão muitos males
advieram ao país. O dia de descanso sagrado torna-se um obstáculo ao
enriquecimento. Parece que Amós leu nosso jornal de ontem. Agora tudo é full
time para ganhar mais. A roubalheira estava instituída, falsificando os pesos e
as medidas. Deus prometera dias prolongados a quem agisse com justiça. Essa
atitude dos grandes levou o país à derrota e à ruína. Deus não se esquece, pois
lesar o pobre é lesar a Deus. “Quem ofende um pobre ultraja seu Criador” (Pr
14,3). O Evangelho continua a reflexão sobre o uso dos bens com uma parábola: O
administrador corria o risco de ser despedido por lesar seu patrão. Usa, então,
o direito de trabalhar com os bens, como era costume na época. Podendo tirar
seu lucro, ele dispensa seu direito para depois empregar-se com alguém que ele
beneficiara. O patrão elogia o gerente porque soubera safar-se bem, abrindo mão
de seus lucros. Assim devem os discípulos, a quem é dirigida a parábola, saber
usar os bens materiais para serem administradores dos bens espirituais. Os estranhos
usam os bens para lucros; os discípulos usam para ganhar os bens eternos.
O mundo de Deus
Jesus continua sua explicação dizendo que “ninguém pode servir a dois
senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará
o outro” (Lc 16,13). Não se pode dividir o coração. Não pode haver apego aos
bens, mas boa administração, com fidelidade às pequenas coisas. Se não formos
fiéis no dinheiro, que Jesus chama de injusto, quem nos confiará os bens dos
Céus? Devemos usar o dinheiro sem adorá-lo, agindo de modo que possa obter
amigos, sabendo partilhar. Seremos desacreditados se fizermos uso iníquo do
dinheiro. É preciso ser experto diante de Deus: Usar bem o dinheiro injusto
para saber usar bem os bens verdadeiros. O profeta Amós foi perseguido por
causa de sua profecia. É um homem de sensibilidade social e divina.
A oração move o mundo
Paulo dá-nos um conselho muito bonito sobre a oração
(1Tm 2,1-8). Manda que se “façam preces e orações, súplicas e ações de graça,
por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a
fim de que possamos ter uma vida tranqüila e serena com toda piedade e
dignidade. Isso é bom e agradável a Deus, nosso Salvador” (2-4). Não podemos
dissociar as realidades sociais e materiais de nossa oração. Para resolver os
problemas do “mundo” não podemos deixar de lado a oração, pedindo a Deus a
solução desses males e agradecendo-lhe quando caminham bem. Isso é salvação.
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